Nilson Vellazquez, no blog Verbalize
Das mentiras que a classe dominante conta para
escamotear a luta de classes, uma, com certeza, é a noção de meritocracia que é
passada. Para esses, todo o sucesso, principalmente da vida profissional e
pessoal cabe exclusivamente ao esforço pessoal, comprometimento, abnegação;
todas, características individuais que lhe farão “ser alguém na vida”.
Essa ideologia da meritocracia, além de esconder a
verdadeira face do sistema social vigente, estimula o individualismo, inibe as
práticas coletivas de busca do bem comum e penetra nas consciências humanas
desde muito jovens, tendo como principais propagadores os aparelhos ideológicos
do estado – instrumentos muito bem utilizados para cultivar esses valores.
Na escola, aparelho em que, historicamente, há uma
separação entre a escola dos filhos dos trabalhadores e a dos filhos da
burguesia, essa ideia do mérito individual é perpetuada como verdade absoluta,
seja na escola dos filhos da burguesia, seja na escola dos filhos dos
trabalhadores. Nesse caso, o traço fundamental é que, na escola da burguesia,
há praticamente um treinamento formal para que os filhos dessa sejam
perpetuados como classe dominante e, sobretudo, dirigente do
país, ou seja, já foram escolhidos! Já na escola dos filhos dos trabalhadores,
a ideia de meritocracia é constantemente repassada como maneira de tirá-los da
condição de súditos para classe dominante. Dessa forma, professores e
dirigentes dessas escolas – em sua maioria públicas – desprezam o papel, no
Brasil, de programas recentes como o PROUNI, que têm contribuído sobremaneira
para diminuir o abismo existente entre as trajetórias das classes dominantes e
dos trabalhadores, o que, inclusive, explica o fato de a maioria dos
trabalhadores deverem a causa de melhoria de suas vidas ao esforço individual e
não às melhorias pelas quais o país passou.
Esses elementos, de meritocracia e de separação
descarada da educação dada aos jovens das classes dominantes e aos das classes
trabalhadoras, justificam ainda mais o papel revolucionário que a juventude
pode e deve cumprir. Se é verdade que a classe dominante já escolheu os seus,
os herdeiros, os futuros donos das empresas dos pais, aos trabalhadores cabe a
liderança do processo de transformação, cujo epicentro está nas novas gerações.
Por isso, às novas gerações, cabe o papel de
organização, de estímulo ao espírito coletivo e comoção em torno das causas
sociais das mais diversas matizes. Não desprezar qualquer tipo de causa que
mobilize o povo, em especial a juventude, é um grande passo. Nesse sentido,
tornar os jovens mais presentes nos debates eleitorais de suas cidades, ganha
contornos de essencial no estágio atual da luta de classes no Brasil e no
mundo. Ganhar o debate entre aqueles que, verdadeiramente, podem e querem mudar
o mundo é essencial, e, com certeza, motivador.
Vamos à luta!
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