Walter
Sorrentino, n o portal Vermelho
O país está num grande impasse e envolvido em
situação de emergência nacional. O impasse é para todos os lados envolvidos. O
desfecho para os impasses não podem se dar à força, muito menos à base de
intolerância e ódio. Dar trelas às provocações extremadas da direita nesse
ambiente, e ampliar a ressonância delas pela mídia, são caminho para o caos.
As
forças nacionais responsáveis precisam assumir as rédeas em defesa de saídas
que não envolvam violência institucional e não atentem contra a democracia.
Impeachment
sem crime de responsabilidade definido não tem outro título, senão, o de uma
violência institucional, um golpe. Será um mácula permanente nos livros da
história política do país. Vai abrir uma ferida política, institucional e
social que não cicatrizará ao longo de toda uma geração. É irresponsabilidade.
Agrava a crise econômica, atenta contra os interesses e imagem do país. Não
demonstra senão imaturidade institucional e política, abrindo perigoso
precedente ao Estado de direito, desvirtuando seu propósito para fins
instrumentais.
Saídas
institucionais não podem ser improvisadas, sob risco de enfrentar resistências
nesse ambiente anti-política que viceja na sociedade. As ruas o demonstraram
neste último domingo: ninguém ganha com o espírito justiceiro, nem sequer o
proclamado combate à corrupção, apesar das aparências.
As
saídas precisam ser laboriosamente construídas na política, com espírito
público, respeito democrático e em prol da economia do país. Portanto,
envolvendo forças amplas dispostas a sair do estado de guerra política
permanente.
É
preciso entendimentos, a partir da salvaguarda do mandato presidencial e o
calendário das eleições em 2018. Não apenas por ela, Dilma Rousseff, pessoa
íntegra, que não cometeu nenhum crime de responsabilidade no exercício do
cargo, mas em resguardo de preceito democrático fundamental.
Afora
isso, um plano de emergência nacional, envolvendo, a partir do governo, forças
novas, mais extensa e influentes, para sustentar medidas consensuadas, uma
agenda concreta e imediata que sinalize uma perspectiva de estabilidade
institucional e retomada do crescimento econômico. Apontar para a queda dos
juros para sanar a crise fiscal do Estado que não seja às custas da manutenção
dos custos da dívida pública. Sustentação do câmbio favorável às contas
externas e à indústria. Acelerar a leniência das empresas envolvidas na Lava
Jato que aceleram empregos e investimentos. Entre outras, são medidas que
merecem encontrar um consenso superior entre as forças políticas e na
sociedade.
O
governo pode se reformular para essa emergência, voltado a esse entendimento.
As forças
sociais fundamentais que o sustentam lutarão por incluir na agenda de
emergência a preservação de direitos sociais e conquistas alcançados nestes
anos. O mundo os reconheceu e saudou. São conquistas cumulativas da nação e só
um sectário as desconsideraria. Retrocessos nisso serão alimento para maior
instabilidade, em qualquer cenário de desfecho para a crise.
Lula,
condutor dessa estratégia de concertação como membro do governo, é um trunfo.
Se houver espaço, o que está sendo testado nestas horas, é imperativo. Fora
disso, a relação custo-benefício de ele ir ao governo de fato motiva cálculos.
A partir dessas balizas, são
indispensáveis mediações, as quais invocam o espírito de responsabilidade às
forças políticas, econômicas, sociais e jurídicas. A Constituição de 1988 em
seus preceitos não está esgotada. O maior deles, e o melhor para o Brasil e
sobretudo para os trabalhadores, é assegurar a estrita norma democrática para o
devido processo penal, sem apelar à exceção. Não é momento para soluções impostas
à força, sob pena de agravar os impasses e não responder à crise que acomete o
Brasil.
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