20 maio 2022

Crônica da sexta-feira

Fartura e escassez nas alturas

Luciano Siqueira

 

Li ontem num dos jornais que as nossas empresas de aviação retomarão o serviço de bordo.

Na verdade, não cheguei a ler a matéria; apenas vi a manchete.

Por isso não sei se o dito serviço será "gratuito" (incluso no preço da passagem) ou permanecerá pago na hora do consumo.

Aí me bate a saudade do tempo da Varig, algumas décadas atrás, que oferecia um serviço de bordo impecável.

Logo que a aeronave se estabilizava, no início do voo, já nos ofereciam um drink — whisky, conhaque, vermute, cerveja...

A refeição incluía frutas; carne, frango ou peixe; sobremesa e, de quebra, vinho ou cerveja.

Às vezes eu pedia suco de tomate, que era servido numas garrafinhas pequenas, um tanto picante mas gostoso.

Porém foram-se a Varig e as concorrentes VASP e Transbrasil e vieram novas companhias e a crise global do capitalismo trazendo na bagagem a mesquinhez das empresas.

Lembro-me que num voo de Bogotá ao Rio de Janeiro, creio que da Avianca, ainda não acostumados a esse expediente, Luci e eu pedimos um cafezinho e nos assustamos com o preço. Em dólar!

Daí em diante, refeições só em voos internacionais pelas grandes companhias.

Minha última experiência foi inusitada.

A caminho da China, deveria partir pela Gol do Recife até Fortaleza. A seguir, até Amsterdã, de onde enfim seguiríamos até Guangzhou, capital da província de Guandong.

Providencialmente, o voo da Gol falhou. Fui parar em São Paulo pela TAM e de lá através da Qatar Airways até Doha, onde pernoitei em alojamento no próprio aeroporto em instalações 5 estrelas e, na manhã seguinte, num avião imenso tipo Jumbo, na primeira classe (não por cortesia, mas porque não tinham outra opção, me disseram), obviamente sob tratamento vip.

Poltrona reclinável e conversível em cama e um monte de regalias.

Basta dizer que o uísque era 18 anos!

De lá pra cá nunca mais encontreri regalia em avião. Apenas água e um pacote de biscoito sem gosto, nos voos até São Paulo ou Rio de Janeiro.

De toda sorte, já não viajo tanto quanto antigamente, quando no período em que fui membro da Comissão Política Nacional do PCdoB, ia a reuniões em São Paulo uma vez por mês.

Ou ainda quando vice-prefeito do Recife, nas muitas viagens que fiz a Brasília.

Por isso permanecerei em dúvida quanto ao sistema de pagamento do novo serviço de bordo em nossas companhias de aviação. 

Não me interessa.

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O fato e a ideia https://bit.ly/3n47CDe     

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