Mais pobres continuam sem acesso à internet apesar de
crescimento da rede
Novo relatório da União Internacional de
Telecomunicações fornece últimos dados sobre conectividade global em meio à
crise econômica; preço médio de banda larga móvel caiu; quase 75% da população
mundial com 10 anos ou mais têm ao menos um telefone celular; jovens de 15 a 24
anos puxam conectividade.
ONU News
O
custo dos serviços de internet caiu lentamente em todo o mundo este ano, de
acordo com o novo
relatório global anual sobre o estado da conectividade digital da
União Internacional de Telecomunicações, UIT.
O
documento mostra que a internet se tornou mais acessível em todas as regiões do
mundo e entre todos os grupos de renda. Mas os mais pobres continuam sem acesso
ao serviço.
Incertezas e inflação devem dificultar mais
acesso
A
UIT lembra que o custo continua sendo um grande obstáculo, especialmente em
economias de baixa renda. A atual situação econômica global, com alta inflação,
aumento das taxas de juros e profunda incerteza, pode elevar o desafio de
estender o alcance da internet nessas regiões.
O
relatório foi compilado ainda sob a liderança do ex-secretário-geral da
agência, Houlin Zhao. Segundo ele, é preciso manter a acessibilidade na direção
certa, mesmo com a crise global afetando mais profundamente as perspectivas econômicas
de muitos países.
A
agência da ONU afirma que 2,7 bilhões de pessoas, aproximadamente um terço da
população global, permanecem desconectadas da Internet. O número foi uma
melhoria em relação a 2021, mas revelou uma estabilização dos fortes ganhos de
conectividade obtidos durante o início e o auge da pandemia de Covid-19.
Para
a atual secretária-geral da UIT, Doreen Bogdan-Martin, “o acesso à internet
está aumentando, mas não de forma tão rápida e uniforme em todo o mundo quanto
deveria”.
Serviço de banda larga mais barato
O
preço médio global dos serviços de banda larga móvel caiu de 1,9% para 1,5% da
renda nacional bruta média per capita. Com ela, é acessar a internet a partir
de um smartphone. Mas nas economias de baixa renda, o custo dos serviços de
banda larga fixa ou móvel continua muito alto para o consumidor médio.
A
UIT e o Escritório do enviado do secretário-geral da ONU para Tecnologia
anunciaram metas ambiciosas para conectividade digital universal e
significativa até 2030.
A
acessibilidade, definida como a disponibilidade de acesso de banda larga a um
preço inferior a 2% da renda nacional bruta mensal per capita, foi identificada
como prioridade para garantir acesso universal.
Entre
as economias com dados disponíveis em 2021 e 2022, houve aumento de países que
bateram a meta de acessibilidade de 2% nos diferentes tipos de serviços, este
ano.
Desigualdade de gênero dentro da exclusão
digital
Embora
as mulheres representem quase metade da população mundial, 259 milhões a menos
de mulheres têm acesso à internet do que os homens. Apenas 63% delas estão
conectadas em 2022, em comparação com 69% dos homens.
No
geral, o mundo se aproximou da paridade de gênero nos últimos três anos. Mas a
diferença é ainda mais preocupante em nações de baixa renda em que 21% das
mulheres estão online em comparação com 32% dos homens, número que não melhorou
desde 2019.
Geralmente,
as regiões onde há maior uso da internet também têm as pontuações mais altas de
paridade de gênero. Por outro lado, muitas das economias menos desenvolvidas e
vulneráveis apresentam baixo uso e pontuação de paridade de gênero além de
progresso limitado em direção à paridade nos últimos três anos.
Uso de celulares continua crescendo
Pela
primeira vez, o relatório lista estimativas globais e regionais para o uso de
telefones celulares, revelando que quase 75% da população mundial com 10 anos
ou mais têm um telefone celular em 2022. Os aparelhos são a porta de entrada
mais comum para o acesso à internet.
O
uso de telefones celulares, no entanto, continua maior do que o da internet,
especialmente em países de baixa renda. A dependência do serviço móvel-celular
pode ser mais uma indicação do impacto dos custos, com os preços gerais do
serviço de celular sendo mais baratos do que os da banda larga.
Jovens na liderança
De
acordo com a pesquisa, jovens de 15 a 24 anos são a força motriz da
conectividade, com 75% deles em todo o mundo com acesso à internet, acima dos
72% em 2021. O uso pelo restante da população é estimado em 65%.
A
universalidade, definida como mais de 95% de uso da rede mundial, já foi
alcançada entre os jovens de 15 a 24 anos em economias de rendas alta e
média-alta.
Já
países de baixa renda apresentam a maior diferença de geração, com 39% dos
jovens conectados, em comparação a apenas 23% do restante da população.
Outra
descoberta foi que as assinaturas de banda larga móvel continuam crescendo
rapidamente e estão se aproximando das taxas de assinatura de celular móvel,
que estão se estabilizando.
As
assinaturas de banda larga fixa também continuam a crescer de forma constante.
Leia
também: Movimentos sociais almejam: soberania digital através de internet
demorática. É possível? https://bit.ly/3EMUY4F
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