04 dezembro 2025

Boa notícia

Brasil reduz pobreza ao menor nível, diz IBGE
Com recuos expressivos em 2024, país soma 8,6 milhões de pessoas fora da pobreza e 1,9 milhão que deixou a extrema pobreza, impulsionado por empregos e programas sociais
Cezar Xavier/Vermelho    

Após os primeiros dois anos de governo Lula, o Brasil registrou, no final de 2024, o menor nível já observado de pobreza e extrema pobreza desde o início da série histórica do IBGE. A proporção de pessoas em extrema pobreza caiu de 4,4% para 3,5%, uma redução de 1,9 milhão de brasileiros vivendo com menos de US$ 2,15 por dia. Já a pobreza recuou de 27,3% para 23,1%, retirando 8,6 milhões de pessoas dessa condição.

Trata-se do terceiro ano seguido de melhora, impulsionada pelo mercado de trabalho mais aquecido e pelo reforço de programas sociais, segundo a Síntese de Indicadores Sociais (SIS) divulgada nesta quarta-feira (3).
 

Pobreza volta a patamar pré-pandemia e rompe pico de 2021

O levantamento mostra a trajetória recente marcada pelo choque da pandemia de covid-19. Depois de atingir 36,8% da população em 2021 — o pior momento da série — a taxa vem caindo consistentemente: 31,6% em 2022, 27,3% em 2023 e 23,1% em 2024.

A queda reflete tanto a recuperação do emprego quanto a ampliação das transferências de renda. Em 2020, o Auxílio Emergencial reduziu temporariamente a pobreza; em 2021, com valores menores e menor cobertura, o indicador voltou a subir. O reaquecimento econômico e a retomada de benefícios mais robustos a partir de 2022 consolidaram a reversão.

Impacto decisivo dos programas sociais

O IBGE ressalta que, sem programas como Bolsa Família e BPC, a extrema pobreza no país seria quase três vezes maior, saltando de 3,5% para 10%. A pobreza, hoje em 23,1%, subiria para 28,7%.

O reforço no Bolsa Família e a inclusão de novos grupos beneficiários foram determinantes para a melhora. No segundo semestre de 2022, o Auxílio Brasil passou a pagar R$ 600 — valor mantido na retomada do Bolsa Família em 2023.

Regiões Norte e Nordeste seguem mais vulneráveis

Mesmo com avanços gerais, persistem grandes desigualdades territoriais. As taxas de pobreza e extrema pobreza continuam mais altas no Norte e Nordeste:

Pobreza (2024)

  • Nordeste: 39,4%
  • Norte: 35,9%
  • Brasil: 23,1%
  • Sul: 11,2%

Extrema pobreza (2024)

  • Nordeste: 6,5%
  • Norte: 4,6%
  • Brasil: 3,5%

Segundo o IBGE, as regiões mais pobres sofrem maior vulnerabilidade no mercado de trabalho, o que aprofunda as distâncias históricas.

Desigualdade racial continua marcante

Os indicadores expõem disparidades profundas entre brancos, pretos e pardos. A proporção de pobres entre pessoas brancas é de 15,1%, enquanto chega a 25,8% entre pretas e 29,8% entre pardas. A renda dos trabalhadores brancos supera em 65,9% a de pretos e pardos, diferença presente em todos os níveis de escolaridade.

Desigualdade de renda tem menor Gini da série

O Índice de Gini, que mede desigualdade de renda, caiu de 0,517 para 0,504 — o menor já registrado desde 2012. Sem os programas sociais, porém, o indicador teria subido para 0,542, mostrando que grande parte do equilíbrio obtido depende das políticas de transferência de renda.

Mercado de trabalho melhora, mas desigualdades insistem

O país atingiu em 2023 o maior número de pessoas ocupadas desde 2012: 100,7 milhões. Mesmo assim, as desigualdades de gênero e raça no mercado de trabalho permanecem:

  • Mulheres seguem com rendimento-hora 12,6% menor que o dos homens.
  • Trabalhadores brancos ganham 67,7% mais por hora que pretos e pardos.
  • A informalidade atinge 45,8% dos trabalhadores pretos e pardos, contra 34,3% entre brancos.

Jovens fora da escola e do trabalho atingem menor nível

O Brasil registrou também o menor contingente de jovens de 15 a 29 anos que não estudam nem trabalham desde 2012: 10,3 milhões, ou 21,2% do total. Ainda assim, desigualdades de gênero e raça são evidentes: mulheres pretas ou pardas representam 45,2% desse grupo.
                                                   
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