05 dezembro 2007

Nosso artigo de toda quarta-feira no Blog de Jamildo (ex-Blog do JC)

No Blog de Jamildo:
Em artigo, Luciano Siqueira reclama do cipoal monetarista de feição neoliberal herdado de FHC

Melhor IDH, mais desafios pela frente
Por Luciano Siqueira

Considerados a retomada do crescimento, a renda per capita, a expectativa de vida e as matrículas escolares, o Brasil entrou no grupo das nações do primeiro time – tidas como de alto Índice de Desenvolvimento Humano (IDH).

A constatação consta do Relatório de Desenvolvimento Humano 2007/2008 - Combater as Mudanças do Clima: Solidariedade Humana em um mundo dividido, produzido pelo PNUD (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento), que estuda a realidade de 177 países.

Tudo bem. Para quem trabalha com índices, taxas e números nem sempre os correlacionando com a realidade concreta, motivo para grande comemoração. Mas para quem costuma examiná-los no contexto de um país a um só tempo imenso e marcado por desigualdades e distorções sociais e regionais, razão de sobra para ter um pé atrás.

Vejamos. O IDH é obtido pelo cruzamento de quatro indicadores: Produto Interno Bruto (PIB) per capita, expectativa de vida, taxa de alfabetização de pessoas com 15 anos ou mais de idade, e taxa de matrícula bruta nos três níveis de ensino (relação entre a população em idade escolar e o número de pessoas matriculadas no ensino fundamental, médio e superior).

Segundo o relatório, o brasileiro está se tornando longevo. Entre 2004 e 2005 a expectativa de vida aumentou em quase um ano.

O nível de renda tem crescido. As desigualdades vêm caindo, embora ainda em ritmo muito lento.

Mas o presidente Lula, esbanjando otimismo, afirma que "no Brasil, nós provamos que é possível ter uma política fiscal séria, que é possível combinar distribuição de renda para os mais pobres com crescimento econômico. Conseguimos provar que é possível crescer o mercado interno com o mercado externo. E hoje estamos colhendo parte daquilo que plantamos."

Nem tanto, presidente, pois os fundamentos macroeconômicos do crescimento permanecem enredados no cipoal monetarista de feição neoliberal herdado de FHC. Daí todo crescimento ser limitado – e bem distante de absorver as demandas reais da sociedade.

Assim, mais do que comemorar temos mesmo é que encarar os desafios que temos pela frente.
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PS: Luciano Siqueira é vice-prefeito do Recife, pelo PC do B, e escreve às quartas-feiras aqui no Blog, uma vez ou outra descendo a lenha na política econômica.

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