28 julho 2012

Tragégia americana

No Vermelho, por Eduardo Bomfim:
Os demônios de um império

O assassinato de doze pessoas além de mais de trinta feridos no estado norte-americano do Colorado durante a sessão de um novo filme de Batman transformou-se em um trágico acontecimento mundial repercutido intensamente pela mídia internacional.

Esse tipo de manifestação de insanidade total associada a mortes em série já se materializou como rotina na sociedade americana há algum tempo e revela graves sinais de uma patologia social que se generalizou por todos os Estados Unidos.

Que não se explica só pelo fato de que qualquer pessoa nos EUA pode adquirir e receber pelo correio um fuzil metralhadora AR-15 último modelo, o que já é um absurdo, utilizado pelos marines em suas incursões invasoras por quase todos os continentes do planeta.

Na verdade a parte lúcida da sociedade norte-americana encontra-se encurralada há muito tempo, especialmente o universo cultural, e em seu lugar entronizou-se uma concepção majoritária, absoluta, de sociedade militarizada nos menores detalhes.

Quem se dá ao trabalho de observar a profusão de milhares de enlatados produzidos pela indústria do cinema nos Estados Unidos que passam tanto nas salas de cinema quanto na televisão percebe facilmente o incrível grau de alienação a que é induzida a população daquele país e ao mesmo tempo o alto estágio de paranoia, distorção da realidade, delírio coletivo a que ela vem sendo submetida.

Além disso, sua mídia que tem alcance global hegemônico é parte de um poderoso complexo de propaganda dos seus interesses e do grande capital financeiro internacional que determina os rumos de suas políticas interna e externa, tecendo invariavelmente uma versão particular, falsa sobre os fatos isolando, paradoxalmente, os cidadãos norte-americanos do mundo real.

Esses veículos ideológicos de difusão dos EUA ajudaram a aniquilar os valores pioneiros da sua fundação, exportaram em escala planetária uma gama de conceitos distorcidos, hipocrisias, medos, além do tal "destino manifesto" impondo às nações uma "civilização" centrada à sua semelhança.

Um império em crise econômica, brutalmente endividado, mas que possui atualmente um orçamento militar superior a todos os países da Terra juntos. Um Estado em guerra permanente contra o mundo agindo como se vivesse um pesadelo recorrente onde terríveis demônios interiores assumem dimensão real e o aterrorizam continuamente, indefinidamente.

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