Representantes e crise de representatividade
Luciano
Siqueira, no Blog de Jamildo/portal ne10
A chamada
“crise de representatividade”, de que tanto se tem falado no Brasil dos nossos
dias, parece se constituir em fenômeno quase universal. Atinge países da maior
importância no xadrez mundial – inclusive os EUA, que tem agora na presidência
da República um empresário de explícitas ideias ultra direitistas e promessas
bizarras.
Em boa
medida, a crise sistêmica, estrutural e de perspectiva que envolve o mundo, põe
em confronto forças de direita ascendentes numa onda conservadora sem precedentes
versus todo um campo progressista e de esquerda ainda perplexo e carente de
proposições que, além da crítica e do protesto, galvanizem aspirações e
energias combativas da maioria.
Parece
evidente que o rol de compromissos “antiglobalização” e protecionistas deTrump
– apesar das primeiras medidas por ele adotadas revelarem ímpeto e destemor -
esbarra numa realidade concreta e num sistema de interesses muito mais
poderosos do que ele.
Assim como
no Brasil a propalada “confiança”, que emergiria do mercado e contaminaria a
população tão logo se consumasse o impeachment da presidenta Dilma, está a anos
luz de se consumar.
Porque é
objetivamente impossível tal proeza de Temer e seu grupo, tamanho o desatino e
desastrosa a regressão de direitos e conquistas que promovem.
Nem a
economia se recuperará, nem se evitará o alastramento da insatisfação na
sociedade.
O governo
atual impõe à nação uma receita nefasta que combina ascensão inflacionária com
juros altos, corte de investimentos públicos e, por consequência, rebaixamento
do nível de atividade econômica, queda da receita das empresas e do governo,
retração do crédito e encolhimento do consumo.
E o
presidente continua padecendo da ausência de representatividade, que lhe é
congênita e incontornável.
Entrementes,
na Câmara e no Senado as coisas acontecem infensas ao sentimento das ruas e à
gravidade da crise.
Nesse
contexto, nem a cantilena midiática tem aderência na população, inclusive entre
os que investem seu capital.
Por mais
distorcida que seja a cobertura jornalística em nosso país, o empresariado se
faz relativamente bem informado porque acompanha o que se passa além de nossas
fronteiras. E vê que o vendaval surgido em 2008, com epicentro nos EUA, e
assolou toda a economia mundial está longe encontrar solução.
Demais,
ainda entre eles, prevalece a prática de “uma no cravo, outra na ferradura”.
Queixam-se dos juros elevados e da política cambial, mas investem
substancialmente na ciranda financeira.
Reclamam
da financeirização excessiva de nossa economia, mas dela tiram proveito.
Quanto aos
que vivem do próprio trabalho, formal ou informal, ou se encontram em situação
de extrema vulnerabilidade – a imensa maioria dos brasileiros - a cada dia o
estômago tende a falar mais alto do que o noticiário pirotécnico do Jornal
Nacional.
A insatisfação
se expande por todo o tecido social, fomentando o caldo de cultura da ausência
de representatividade que, aqui como alhures, afirma-se como uma marca da atual
conjuntura.
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