O caos indesejado
Luciano Siqueira
Em tese, a República
se apoia no equilíbrio entre os chamados três poderes.
Em condições normais
de tempo e temperatura, certamente.
Numa sociedade em
crise, o equilíbrio fica comprometido, em todos os sentidos. Tomam corpo contradições
e conflitos que põem em causa a própria Constituição do país.
No Brasil sempre foi
assim. Certamente no resto do mundo, idem.
Instituições não são
perfeitas nem pétreas. Estremecem ao sabor dos desajustes na sociedade.
Nos últimos tempos o
poder judiciário — o Supremo Tribunal Federal, sobretudo — tem assumido
protagonismo incomum. Por demanda da sociedade e mesmo do próprio Legislativo e
dos partidos políticos.
Ameaçada a
normalidade constitucional, recorre-se ao STF no pressuposto de que a palavra
final da corte funciona como impeditiva da desagregação institucional.
De certo modo tem
sido assim.
As últimas eleições
gerais, cenário de repetidas ameaças golpistas, puderam ter o seu curso normal
devido ao empenho direto do Judiciário através do TSE.
Este é um dos traços
marcantes da crise institucional brasileira, que se desenrola tendo
como fogo de monturo tremendo desajuste social.
Isto ainda sob
divisão quase meio a meio da população entre dois extremos enfoguetados pela
pregação odiosa da extrema direita e pela resistência dos democratas de todos
os matizes.
O campo democrático,
respeitadas divergências naturais entre seus componentes, há que se coesionar o
quanto possível e se fazer determinante para evitar o caos para o qual nenhuma
corrente política nem segmento social reúne, hoje, condições de enfrentar com êxito.
Nesse sentido, o êxito do governo chefiado por Luis Inácio Lula da Silva pode ser decisivo.
Há
diferentes caminhos até a essência das coisas https://bit.ly/3Ye45TD
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