20 outubro 2023

Enio Lins opina

O Brasil e sua histórica postura diplomática sobre a paz

Enio Lins*



Mesmo sem ter sido aprovada, por conta de um voto solitário dos Estados Unidos, a resolução brasileira proposta como alternativa humanitária para o massacre em Gaza pode ser considerada a maior iniciativa diplomática destes tempos.

Segundo diplomata Rubens Ricúpero, com essa proposta, “o Brasil se engrandece diplomaticamente e esbarra apenas no apoio incondicional dos Estados Unidos ao governo do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu”.

Ricupero, diplomata, longe de ser petista, foi ministro da Fazenda e ministro do Meio Ambiente no governo de Itamar Franco e exerceu também o posto de secretário-geral da Conferência das Nações Unidas sobre o Comércio e o Desenvolvimento.

E o que defendia a proposta brasileira? Em resumo, uma pausa nos bombardeios para viabilizar o acesso humanitário à Faixa de Gaza, para socorro aos civis; e condenava claramente os “odiosos ataques terroristas” do Hamas.

Ressaltava também que “os civis em Israel e no território palestino ocupado, incluindo Jerusalém Oriental, devem ser protegidos, de acordo com a legislação internacional”. Nada mais correto, diplomaticamente falando.

Dos 15 membros do Conselho de Segurança da ONU, a proposta brasileira teve 12 votos favoráveis, duas abstenções (Rússia e Reino Unido) e um único voto contra, dos Estados Unidos, que usou seu poder de veto.

Albânia, China, Equador, França, Gabão, Gana, Japão, Malta, Moçambique, Suíça e Emirados Árabes Unidos votaram pela proposta do Brasil, num placar que reforça enormemente a posição da diplomacia brasileira no mundo.

Esse placar demonstrou o isolamento da posição norte-americana de apoio cego à política de apartheid imposta por Israel aos territórios ocupados. Washington é o único sustentáculo internacional importante ao massacre contra os palestinos.

Seguindo a histórica postura de Osvaldo Aranha em 1948, então secretário-geral da ONU, quando da criação dos estados de Israel e da Palestina, o Brasil volta a ocupar um local de relevância na diplomacia global e na luta pela paz.

*Arquiteto, jornalista, cartunista e ilustrador

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