16 junho 2016

A prosa poética de Taciana Valença

Reconstruir castelos
Taciana Valença [foto]
Fazer o que se não tenho cor? Se sou infinitamente transparente? Mas há dias assim, em que todas as cores parecem perpassarem pela nossa alma. Fatos talvez dos algozes pseudo donos do mundo. Por mais que tente não consigo ficar imune. Se for para criar imunidade contra a vida prefiro dar sinal de partida, seguir um caminho escuso ou inabitável. Por certo muitas coisas andam fora dos eixos, desconheço pessoas pelas quais um dia tive apreço. Talvez seja o preço que se paga por fazer existir em nós o mínimo de sentimento de justiça, de amor, de caridade. E a luta vira até piada para quem segue o lema de levar vantagem, do salve-se quem puder, de "o mundo é assim mesmo, você não pode mudar". E é como construir castelos de areia na praia e esperar o mar encher ou o vento
derrubar. Já tive dias assim, de querer estar do lado de bandido pra ver se sofro menos nesse mundo iludido. Mas isso só serve para rima mesmo, pensamento irônico em momentos assim, de inconformismo. O certo é que vou levantar de novo, seguir com o que acredito nesses dias desacreditados de tudo e encarar o que deve ser encarado e peitar a vida novamente mesmo sabendo que anda tudo errado. Reconstruir meus castelos, juntar as mãos que carreguem um mesmo barco e buscar no mínimo que for um motivo a mais para sorrir, pois as lágrimas só serviriam para ajudar a derrubar o meu castelo, que seja, de areia.
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