21 junho 2016

Alianças necessárias

Ninguém se salva sozinho
Luciano Siqueira, no Blog da Folha

Claro que não falo em salvação eterna, no sentido religioso. Refiro-me à luta política. E, portanto, à absoluta necessidade de alianças.
Não é mero palpite. É uma lei da História - aqui e mundo afora. 
Na história do Brasil, alianças amplas e diversificadas foram fundamentais não apenas em lutas e conquistas marcantes em nossa evolução civilizatória - a Independência, a República, a Abolição, a Revolução de 30; como, mais recentemente, na superação do Estado Novo e na derrocada da Ditadura Militar e nos treze anos de governos Dilma-Lula, com imensas conquistas sociais.
Em termos simplificados, as vitórias obtidas por forças à esquerda invariavelmente contaram com o apoio de correntes situadas ao centro. Assim como derrotas da esquerda em geral resultaram de alianças entre a direita e o centro.
(Um parêntesis: aqui não se trata de rotular esta ou aquela corrente política, mas de reconhecer que, numa determinada disputa, o olhar sobre os contendores e as posições políticas que encarnam, torna esses matizes visíveis).
Há situações peculiares, como provavelmente será o caso das eleições municipais de outubro.
Em meio à profunda crise política e econômica e à excepcional instabilidade e esgarçamento das instituições (inclusive de boa parte dos partidos), o quadro das alianças locais inevitavelmente se apresentará multifacetado.
No Recife, correntes à esquerda marcharão em diferentes coalizões ou sozinhas. O mesmo acontecerá com correntes conservadoras e situadas à direita.
O PCdoB, devido ao protagonismo assumido na luta política nacional, tem sido instado por amigos e filiados a disputar prefeituras com candidatura própria em muitos lugares. 
Em alguns municípios essa aspiração se concretiza. Em Olinda, por exemplo, já se foram quatro eleições seguidas em que os comunistas elegeram o prefeito - duas vezes Luciana Santos, duas vezes Renildo Calheiros. 
Com um detalhe: ambos à testa de amplas coalizões partidárias e sociais, compostas por diversos matizes políticos e ideológicos. 
Já em outros municípios as circunstâncias não favorecem alianças amplas em torno de candidatura própria. A opção, nesses casos, é somar forças em torno de outra legenda.
Em coalizões de partidos de variadas inclinações políticas e ideológicas e diferentes posicionamentos acerca da problemática nacional o ponto de convergência haverá de ser sempre a proposta programática para cidade.
Enfim, o bom combate não se trava em condições de isolamento político.

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