08 julho 2018

Entendendo o que houve


Jogo de riscos
O perigo dessas eliminações são as conclusões tendenciosas, equivocadas e absurdas
Tostão, na Folha de S. Paulo

A partida continua. Antes da Copa, Tite planejou e treinou em dois amistosos, contra Alemanha e Rússia, as duas formações táticas que usaria no Mundial da Rússia.
Uma, mais ofensiva, para a primeira fase, contra seleções inferiores e retrancadas, com Coutinho pelo centro, formando um trio, com Paulinho e Casemiro. Outra, para as partidas eliminatórias, contra seleções mais fortes, com Paulinho, Fernandinho e Casemiro. Coutinho passaria a jogar pela direita, e sairia Willian.
Porém, como Coutinho foi o destaque da primeira fase, Tite manteve, corretamente e com o apoio de todos, o jogador do Barcelona pelo centro, ainda mais que o México não está entre as seleções mais fortes.
Coutinho, que, no início, voltava para marcar, morreu fisicamente durante a competição, como disse o jornalista Arnaldo Ribeiro. Além disso, Paulinho se preocupava muito mais em se infiltrar e fazer gols do que em marcar. Casemiro ficou isolado. Havia sempre um mexicano, livre, para receber a bola, na intermediária, e passá-la para os dois atacantes, um de cada lado. O México só não fez gols por incompetência, e, no outro dia, só se falava da maravilhosa defesa brasileira.
Tudo isso se repetiu contra a Bélgica, com Fernandinho também sozinho. O treinador Martínez usou a mesma formação tática do México, com quatro defensores, três no meio-campo e três mais adiantados (De Bruyne, pelo centro, e Lukaku e Hazard, um de cada lado). De Bruyne, livre, deitou e rolou.
Por outro lado, a Bélgica marcou mal, já que os três mais adiantados não voltavam. A Bélgica correu riscos. Deixava Marcelo livre e colocava Lukaku em suas costas. Deu certo. O Brasil também correu riscos. Deu errado. A seleção brasileira criou um grande número de chances de gol e só não marcou por erros de finalizações e pela atuação do goleiro Courtois.
O perigo dessas eliminações são as conclusões tendenciosas, equivocadas e absurdas, como a de que Hazard é superior a Neymar, que jogou muito mal, mesmo com facilidades para brilhar.
O Brasil foi eliminado por causa de erros individuais e coletivos, do acaso e, principalmente, porque a Bélgica possui quatro jogadores que estão entre os melhores em suas posições no mundo (Courtois, De Bruyne, Hazard e Lukaku). Temos de deixar a soberba de lado e aprender com o óbvio, que, contra grandes seleções, as chances de vitória são iguais.
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