Intensidade e afobação no futebol
Real Madrid e Barcelona
gostam de valorizar o meio-campo, diferente do Brasil em 2022
Tostão/Folha
de S. Paulo
O enorme número de partidas de futebol, no Brasil e em todo o
mundo, parece ter aumentado nestes dias. Não dá para ver tudo. Não aprendi
ainda a assistir a dois jogos ao mesmo tempo. Mas sou jovem e ainda vou
descobrir esse mistério. Além disso, existem também muitas coisas boas e
importantes no mundo para fazer.
No sábado, o Real Madrid, como era esperado, venceu, com
facilidade, o Mundial de Clubes.
O Real me lembra o Santos dos anos 1960, que trocava passes no meio-campo,
cadenciava o jogo, para, de repente, acelerar em direção ao gol.
Assim como
Benzema e Vinícius Júnior no ataque, Kroos e Modric se completam no meio-campo.
Kroos, frio, parece ter um computador instalado no corpo, para não o deixar
ficar ansioso nem para aumentar os batimentos cardíacos. Modric, mais ativo,
mais leve e com repertório técnico muito maior, deve ter outro computador, para
calcular a movimentação e a velocidade da bola, dos companheiros e dos
adversários.
O Real, em vez de
um trio no meio-campo, como era habitual, passou a formar um quarteto. O rival
Barcelona, recentemente, passou a fazer o mesmo, ao trocar um dos pontas
velozes, o da esquerda, por um jogador de meio-campo, formando também um
quarteto.
Dizem que Ancelotti
já está certo na seleção brasileira a partir de junho, quando encerrar o
contrato com o Real. Seria ótimo. Se for confirmado, como ele vai organizar a
equipe, já que o Brasil não tem um centroavante finalizador e armador, como
Benzema, nem dois excelentes meio-campistas, como Kroos e Modric, para atuar ao
lado de Casemiro?
Real Madrid,
Barcelona, Manchester City e outros times gostam de valorizar o meio-campo, de
ter o domínio da bola, o que não aconteceu com a seleção brasileira em 2022. Obviamente,
não há apenas uma maneira de jogar bem e de vencer. Fortes equipes, vitoriosas,
como Palmeiras, Liverpool, os times dirigidos por Mourinho e muitos outros,
gostam da transição rápida, da bola longa.
Nesta quinta, tem
clássico entre Corinthians e Palmeiras. O Palmeiras é mais estruturado, mas o
Corinthians, em casa, geralmente cresce. Assim como há um grande número de
pessoas carentes, dependendo da aprovação e/ou do aplauso do outro para viver
bem, existem times e jogadores que dependem demais do apoio da torcida.
No empate em 1
a 1 entre Cruzeiro e Atlético, como não podiam dizer que foi uma partida
tecnicamente muito boa, falaram que foi um jogo muito intenso, palavra da moda.
Confundem intensidade, uma qualidade importante no futebol moderno, com
afobação, com jogo físico, truncado e ruim, com bombas, tênis e copos jogados
no campo. Houve poucos belos lances, como o petardo de Hulk, no gol de falta, e
o passe primoroso de Wesley para Bruno Rodrigues fazer o gol do Cruzeiro.
Para o Cruzeiro, individualmente
inferior, foi um bom resultado. O time conseguiu anular o Atlético. Se alguns
jogadores, como Wesley, Gilberto e Nikão jogarem no Cruzeiro como nos melhores
momentos da carreira, o time poderá evoluir bastante. Já o Atlético fez um jogo
coletivo fraco, pela marcação do Cruzeiro e pelo pouco entendimento entre os
jogadores.
Todos os que
trabalham no futebol não deveriam aceitar o jogo agressivo e violento que
ocorre muitas vezes nos estádios, principalmente nos clássicos. Nenhum árbitro
do mundo é capaz de controlar essa situação. Isso empobrece o espetáculo, uma
das razões da pouca qualidade de nosso futebol.
Verso e reverso do que acontece https://bit.ly/3Ye45TD
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