22 junho 2023

Minha opinião

Governo Lula e Banco Central travam luta política 

Luciano Siqueira*

 
Exercendo a sua dupla condição de institucionalmente independente mas submisso aos ditames do rentismo, o Comitê de Política Monetária do Banco Central mantém a taxa básica de juros (Selic) em 13,75% — a mais alta do mundo — e divulga comunicado em termos arrogantes e absolutamente desconectados com os indicadores econômicos atuais.
 
Ou seja, não há perspectiva de curto prazo de redução da Selic.
 
Concomitantemente, o Senado aprovou por maioria de 57 votos o chamado novo arcabouço fiscal, conjunto de regras de manejo do orçamento da União adequado às garantias essenciais exigidas pelo mercado financeiro, ainda que com uma janela aberta para investimentos produtivos e em políticas sociais básicas, como nas áreas da educação e da saúde.

Os senadores introduziram alterações que ainda deverão ser aprovadas na Câmara, entre as quais a liberação de gastos com FUNDEB (Fundo de Desenvolvimento da Educação Básica) do rigor fiscal.
 
O caráter discricionário e errôneo da decisão do Banco Central é tão escandaloso que na grande mídia, onde os chamados analistas econômicos se desdobram em verdadeiras elipses para justificar a política monetária vigente, anotam-se preocupações em relação ao "isolamento político" do presidente do BC, Campos Neto. 
 
A moral da história está exatamente nessa imensa quebra de braços entre o governo, empenhado em seu projeto de reconstrução nacional, e as forças do mercado financeiro para as quais as condições da usura são intocáveis.
 
Esta é mais uma expressão dramática da real correlação de forças prevalente nesses seis meses iniciais do governo Lula.
 
Nesse contexto, é certo que o governo alcançou vitória parcial ao aprovar o tal arcabouco fiscal, mediante penosa negociação com a maioria parlamentar de centro-direita. Permanecer aprisionado ao teto de gastos herdado do governo Temer seria muito pior.
 
Mas é igualmente certo que é preciso, pela ação política, mover placas tectônicas e desempatar a quebra de braços contra o rentismo.
 
Isto implica iniciativa política permanente do presidente da República e equipe, dos partidos integrantes da frente ampla democrática e dos movimentos sociais em todas as suas vertentes e dimensões.
 
Uma empreitada muito difícil, é verdade, mas ao mesmo tempo propiciadora da formação de uma consciência social mais avançada sem a qual dificilmente avançaremos na transição para um novo projeto nacional de desenvolvimento.
 
Na Europa, Lula declarou ontem que o presidente do Banco Central, Campos Neto, joga contra os interesses nacionais.
 
Este é o mote de uma agenda de discussão e luta imediata, tendo como vértice propiciar as condições necessárias ao desenvolvimento do país mediante investimentos produtivos públicos e privados.
 
Pois a política monetária canhestra tem tudo a ver com o emprego, a renda e as condições de existência do povo e com a soberania nacional.

*Texto da minha coluna desta quinta-feira no portal Vermelho.

Bolsonaro no seu devido lugar https://bit.ly/3pbYb8Q

2 comentários:

Edna Costa disse...

Bravo!!! O povo precisa ocupar as ruas já, pra o Brasil romper essa camisa de força, que os Juros altos causam e a Nação voltar a crescer!❤🇧🇷❤🇧🇷❤🇧🇷

Anônimo disse...

"É preciso estar atento e forte"!