Só os ignorantes não têm dúvidas
Semifinais do Campeonato Paulista
expõem dilemas para os treinadores
Tostão/Folha de S. Paulo
Repito o óbvio, que muitos ignoram, de que a melhor estratégia de jogo é a mais bem executada. Para isso é necessário ter jogadores bons e com características para fazer bem o que foi planejado. Mais que isso, a melhor estratégia é a que dá certo, pois existem muitos detalhes inesperados e surpreendentes.
Os
treinadores costumam repetir erros. Adoram colocar mais defensores para
fortalecer a defesa ou mais atacantes para melhorar o ataque. Nas duas
situações deixam um vazio no meio campo, na marcação e na construção das
jogadas. Foi o que ocorreu com o Corinthians na
derrota por 3 x 0 sofrida contra o Barcelona, do Equador, pela Libertadores.
Para
piorar o vazio que existia no meio campo, havia enormes espaços entre os
setores, uma deficiência frequente nos times brasileiros. Os equatorianos
trocavam passes com facilidade no meio campo e chegavam com muitos jogadores ao
ataque.
Este
problema tem ocorrido com a seleção brasileira, que tem jogado com quatro na
frente e apenas dois no meio campo. Neste desenho tático, é essencial ter
pontas que voltam para marcar.
No
domingo (9) contra o Corinthians, Caixinha deve estar em dúvida se o Santos vai
marcar por pressão e recuperar a bola no campo do adversário. Se funcionar bem, Neymar vai receber muitas bolas na
intermediária do Corinthians. Por outro lado, para dar certo a marcação por
pressão, é necessário que todos participem. Neymar nunca fez isso.
Contra
o São Paulo, Abel Ferreira deve
também estar em dúvida se escala Vitor Roque desde o início. O Palmeiras tem agora duas boas opções
na posição de centroavante. Flaco López é ótimo na jogada aérea, uma
característica da equipe. Vitor Roque possui muita mobilidade e excepcional velocidade
nos espaços curtos.
Zubeldía
deve estar também em dúvida se escala o time com três zagueiros e com Oscar e
Lucas mais próximos do centroavante, como jogou a equipe na última partida ou
se volta ao esquema anterior com uma linha de quatro defensores e com Oscar e
Lucas pelos lados e distantes um do outro. Há vantagens e desvantagens nas duas
estratégias.
Na
partida anterior, com Lucas e Oscar pelo centro, Oscar deu um excepcional passe
para Lucas, que com habilidade e velocidade driblou o zagueiro e passou para
Calleri livre empurrar a bola para as redes. Uma manchete dizia: "Calleri
decidiu a partida". É o fascínio pelos artilheiros.
Dorival
Júnior também tem dúvidas sobre o posicionamento dos quatro
craques do quarteto ofensivo da seleção (Vini, Neymar, Raphinha e Rodrygo). Só
os ignorantes não têm dúvidas.
Se
o Brasil precisar de um centroavante em alguns momentos, a melhor opção seria
Endrick, que não foi convocado. Contra a Colômbia, Danilo deveria atuar na
lateral direita para marcar o melhor jogador colombiano, Luis Díaz, como fez
muito bem na última partida entre as duas seleções.
Dorival
tem um grande dilema para resolver, o de formar um ótimo conjunto, sem depender
tanto de Neymar nem de ter quatro craques no ataque. Uma grande equipe precisa
ter início, meio e fim (defesa, meio campo e ataque), inspiração e
transpiração, retração e expansão, disciplina e criatividade.
Leia: Por que se diz que um escritor vai lançar um livro inédito? https://lucianosiqueira.blogspot.com/2025/01/uma-cronica-de-ruy-castro_31.html
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