09 março 2025

Futebol: dilemas táticos

Só os ignorantes não têm dúvidas
Semifinais do Campeonato Paulista expõem dilemas para os treinadores
Tostão/Folha de S. Paulo  

Repito o óbvio, que muitos ignoram, de que a melhor estratégia de jogo é a mais bem executada. Para isso é necessário ter jogadores bons e com características para fazer bem o que foi planejado. Mais que isso, a melhor estratégia é a que dá certo, pois existem muitos detalhes inesperados e surpreendentes.

Os treinadores costumam repetir erros. Adoram colocar mais defensores para fortalecer a defesa ou mais atacantes para melhorar o ataque. Nas duas situações deixam um vazio no meio campo, na marcação e na construção das jogadas. Foi o que ocorreu com o Corinthians na derrota por 3 x 0 sofrida contra o Barcelona, do Equador, pela Libertadores.

Para piorar o vazio que existia no meio campo, havia enormes espaços entre os setores, uma deficiência frequente nos times brasileiros. Os equatorianos trocavam passes com facilidade no meio campo e chegavam com muitos jogadores ao ataque.

Este problema tem ocorrido com a seleção brasileira, que tem jogado com quatro na frente e apenas dois no meio campo. Neste desenho tático, é essencial ter pontas que voltam para marcar.

No domingo (9) contra o Corinthians, Caixinha deve estar em dúvida se o Santos vai marcar por pressão e recuperar a bola no campo do adversário. Se funcionar bem, Neymar vai receber muitas bolas na intermediária do Corinthians. Por outro lado, para dar certo a marcação por pressão, é necessário que todos participem. Neymar nunca fez isso.

Contra o São Paulo, Abel Ferreira deve também estar em dúvida se escala Vitor Roque desde o início. O Palmeiras tem agora duas boas opções na posição de centroavante. Flaco López é ótimo na jogada aérea, uma característica da equipe. Vitor Roque possui muita mobilidade e excepcional velocidade nos espaços curtos.

Zubeldía deve estar também em dúvida se escala o time com três zagueiros e com Oscar e Lucas mais próximos do centroavante, como jogou a equipe na última partida ou se volta ao esquema anterior com uma linha de quatro defensores e com Oscar e Lucas pelos lados e distantes um do outro. Há vantagens e desvantagens nas duas estratégias.

Na partida anterior, com Lucas e Oscar pelo centro, Oscar deu um excepcional passe para Lucas, que com habilidade e velocidade driblou o zagueiro e passou para Calleri livre empurrar a bola para as redes. Uma manchete dizia: "Calleri decidiu a partida". É o fascínio pelos artilheiros.

Dorival Júnior também tem dúvidas sobre o posicionamento dos quatro craques do quarteto ofensivo da seleção (Vini, Neymar, Raphinha e Rodrygo). Só os ignorantes não têm dúvidas.

Se o Brasil precisar de um centroavante em alguns momentos, a melhor opção seria Endrick, que não foi convocado. Contra a Colômbia, Danilo deveria atuar na lateral direita para marcar o melhor jogador colombiano, Luis Díaz, como fez muito bem na última partida entre as duas seleções.

Dorival tem um grande dilema para resolver, o de formar um ótimo conjunto, sem depender tanto de Neymar nem de ter quatro craques no ataque. Uma grande equipe precisa ter início, meio e fim (defesa, meio campo e ataque), inspiração e transpiração, retração e expansão, disciplina e criatividade. 

Leia: Por que se diz que um escritor vai lançar um livro inédito? https://lucianosiqueira.blogspot.com/2025/01/uma-cronica-de-ruy-castro_31.html 

Nenhum comentário: