Amo as horas
noturnas
Rayner Maria
Rilke
Amo as horas noturnas do meu ser em
que se me aprofundam os sentidos;
nelas fui eu achar, como em cartas velhíssimas,
já vivida a vida dos meus dias
e como lenda longínqua e superada.
Delas eu aprendi que tenho espaço
para uma segunda vida, vasta e sem tempo.
E por vezes me sinto como a árvore
que, madura e rumorosa, sobre uma campa
realiza o sonho que o menino foi
(em volta do qual apertam suas raízes quentes)
e perdeu em tristezas e canções.
[Ilustração: Edvard Munch]
Leia também 'As histórias e o escuro", poema de Cida Pedrosa https://lucianosiqueira.blogspot.com/2025/07/palavra
Nenhum comentário:
Postar um comentário