O presidente Lula eleva o tom*
Luciano Siqueira
instagram.com/lucianosiqueira65
Desde garoto ouço o aforisma “há machos que vêm para o bem”. Ou seja, a adversidade momentânea dá azo a um passo adiante.
Acontece agora com o tarifaço anunciado pelo presidente norte-americano, Donald Trump, taxando em 50% os produtos importados do Brasil; e ainda associando a iniciativa à defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro, mergulhando em processos que poderão conduzi-lo à cadeia.
Lula argumenta que as tarifas impostas pelos EUA são injustificadas e violam os compromissos reforçados perante a Organização Mundial do Comércio (OMC). Demonstra que, ao contrário do que afirma Trump, o Brasil tem mantido um superávit comercial significativo com os EUA, o que torna a imposição de tarifas absolutamente descabida.
Acentua que as tarifas não têm uma base técnica sólida e são uma medida protecionista injustificável destinada a prejudicar a competitividade das exportações brasileiras.
O presidente propõe uma conversa diplomática, por meio de comitê emergencial coordenado pelo vice-presidente Geraldo Alckmin, mas alerta com a possibilidade de aplicar tarifas sobre produtos americanos como forma de retaliação, caso as tarifas não sejam retiradas.
Concomitantemente, promove o diálogo com empresários dos segmentos atingidos no sentido de diversificar parcerias comerciais e mesmo a abertura de novos mercados para nossas exportações.
Corretíssimo. Mas o mais importante é que o presidente da República elevou o tom do seu discurso, colocando em relevância a defesa da soberania nacional, tema essencialmente político.
Ou seja, deu um passo adiante além da costumeira afirmação das chamadas como "entregas de governo", focadas principalmente na ampliação de programas sociais compensatórios, a exemplo do Bolsa Família.
Argumento verdadeiro, porém insuficiente para esclarecer o povo sobre o que de fato se passa no confronto entre o campo democrático e progressista, que o presidente liderou versus o centro-direita e a extrema direita, sob o comando da oligarquia financeira, que tenta impedi-lo de governar plenamente, bloqueando as iniciativas que realmente avançaram no modelo de desenvolvimento econômico, um dos elementos essenciais da plataforma de proteção nacional.
A extrema direita, o bolsonarismo em particular, se enfraquece; o governo avança no discurso, agrega (ou neutraliza) setores situados na oposição e pode, em consequência, romper o cerco oposicionista.
*Texto da minha coluna desta quinta-feira no Vermelho www.vermelho.org.br
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