Trump e o programa do PCdoB*
Luciano
Siqueira
instagram.com/lucianosiqueira65
Que
têm a ver as agressões do presidente dos Estados Unidos com o Programa
Socialista para o Brasil sustentado pelo PCdoB?
Tudo. O quase tudo.
A mescla de tarifaço com ingerência sobre as instituições
jurídicas brasileiras ataca a soberania do nosso país.
Remete precisamente a uma das questões essenciais da proposição
sustentada pelo PCdoB de que é necessário e possível — numa percepção estratégica
— a superação do capitalismo por uma forma de socialismo com o jeito da nossa
gente e o cheiro do nosso barro.
Longo e arriscoso caminho a percorrer? Sim. Mas apontar a perspectiva é o ponto
de partida.
Afirmar e defender a nação contra investidas e imposições imperialistas e
hegemonistas em íntima correlação com as demandas democráticas e sociais deve
inspirar a militância cotidiana.
Acontece, mas nem sempre é simples. Requer “consciência
programática” e sensibilidade para identificar, no curso dos acontecimentos, os
elementos que mais simbolicamente se prestem à correlação entre o particular e
imediato e o geral, no caso, um outro projeto de nação.
Entretanto, às vezes os fatos são tão retumbantes que favorecem
essa correlação de modo amplamente compreensível.
O “caso Trump” nos dá de bandeja a oportunidade de debater o tema (e afirmar o
nosso Programa) em toda parte. É o assunto do dia, mais do que o futebol ou o
último assalto na rua ao lado.
Melhor: a partir mesmo da voz do presidente da República, o governo se
posiciona como guardião da democracia e da soberania do país, possibilitando
que, na análise dos fatos, mesmo a mais ligeira e pontual, venha à tona a
plataforma de reconstrução nacional que dá conteúdo à frente ampla aglutinada
em torno de Lula.
De quebra, o arrazoado de Trump incluindo como uma das justificativas do
tarifaço e das sanções restritivas contra o ministro do STF Alexandre de Moraes
a defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro, contribui para isolar e enfraquecer a
corrente bolsonarista que pontifica na extrema direita recém-ascendente no
país.
O estremecimento do chamado multilateralismo, sob a desordem nas
relações comerciais promovida por Trump, contraditoriamente repercute
positivamente no sentido de uma maior diversificação das relações comerciais do
Brasil, mediante política externa soberana e propositiva.
Em síntese, os comunistas e seus aliados mais próximos encaram o
momento presente como uma oportunidade de fortalecimento do governo Lula e da
explicitação de caminhos pelos quais se possa dar um passo adiante.
*Texto da minha coluna desta quinta-feira no portal Vermelho www.vermelho.org.br
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Leia também: Para além do “economicismo governamental” https://lucianosiqueira.blogspot.com/2025/07/minha-opiniao_5.html
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