11 maio 2011

Bom dia, Pablo Neruda

O Vento na Ilha

Vento é um cavalo:
ouve como ele corre
pelo mar, pelo céu.
Quer me levar: escuta
como ele corre o mundo
para levar-me longe.
Esconde-me em teus braços
por esta noite erma,
enquanto a chuva rompe
contra o mar e a terra
sua boca inumerável.
Escuta como o vento
me chama galopando
para levar-me longe.
Como tua fronte na minha,
tua boca em minha boca,
atados nossos corpos
ao amor que nos queima,
deixa que o vento passe
sem que possa levar-me.
Deixa que o vento corra
coroado de espuma,
que me chame e me busque
galopando na sombra,
enquanto eu, protegido
sob teus grandes olhos,
por esta noite só
descansarei, meu amor.

Um comentário:

Anna disse...

Luciano, o que me encanta nos seus escritos é que, paralelo ao senso de responsabilidade com o povo está sempre o seu lado poético que nos permite reler ou ler pela primeira vez um poema como esse de hoje. Aproveito para lhe sugerir um poeta português que acredito tem muito também a nos ensinar que é José Régio. Conhece?
Sucesso, amigo!