20 março 2014

Peleja de grande dimensão

As eleições de outubro e o fator militante
Luciano Siqueira

Cá em plagas nordestinas, costumamos dizer (e viver) que o ano começa quando termina o carnaval. A pleno vapor, como se a folia nos purificasse, afastando dúvidas, inibições e receios; e alargando o horizonte das novas batalhas a travar.

Pois o ano começou de fato e tudo, ou quase tudo gira em função das eleições de outubro. O noticiário econômico é envenenado pelo marketing eleitoral. Declarações de pré-candidatos, excessivamente adjetivadas e pouco substantivas, idem. E os partidos cuidam, enquanto isso, de reunir a tropa, ajustar planos de mobilização e logística. Pois cumprindo diferentes papeis, de relevância relativa variada, cada um terá que se apresentar com o que tem de melhor para a dura conquista do voto.

Nesse cenário, o Partido Comunista do Brasil tem entre seus trunfos, digamos assim, a capacidade de luta de sua militância. Um fator decisivo para seus projetos eleitorais, alvo do 8º. Encontro Nacional sobre Questões de Partido, realizado dias atrás, justamente destinado a aprimorar, entre quadros dirigentes de todo o País, a assimilação de suas linhas de ação política e de construção organizativa – faces de um mesmo conteúdo estratégico. E a partir daí, assegurar ampla, aguerrida e certeira mobilização dos seus filiados e ativistas sob sua influência.

No embate eleitoral como em toda e qualquer peleja, os comunistas se orientam pelo seu Programa Socialista e por diretrizes táticas dele emanadas e formatadas pela sua direção central, em acordo com as circunstâncias conjunturais. Assim é o projeto eleitoral deste ano, que busca melhor posicionar o Partido no Parlamento e nas esferas de governo, tendo em vista o acúmulo de forças na construção de um projeto nacional de desenvolvimento avançado. Completar a integração nacional por meio de portentosos investimentos em infraestrutura e reordenar a vida nos centros urbanos emergem como vetores desse projeto nacional. Eleger forte bancada federal, conquistar o governo do Maranhão e ampliar a presença nas Assembleias Legislativas dão sentido à busca do voto.

Empreitada de tamanha envergadura requer uma estrutura de quadros dirigentes de base e extensa rede de filiados e ativistas que reúnam, a um só tempo, descortino, iniciativa política e capacidade de liderança; e que penetre em toda parte feito água de chuva.

Isto num ambiente político complexo, a partir mesmo da conformação das alianças políticas em construção, que não guardam necessariamente correspondência exata entre a coalizão nacional, em função da presidência da República, e as locais, para os governos estaduais.  O que implica muito debate, em que questões de ordem tática se mesclam com proposições programáticas. Como traduzir em âmbito local, por exemplo, na campanha dos candidatos comunistas, a luta pela reforma urbana de modo a fundir reclamos e anseios da população de cada lugar com o avanço das transformações em curso nos últimos onze anos? Aí está uma pedra de toque da batalha que se avizinha – e um trunfo que, bem explorado, valerá muito na conquista do voto.

(Publicado no portal Vermelho www.vermelho.org.br e no Blog de Jamildo (Jornal do Commercio Online)

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