Equipe de Paulo Câmara: um time para ganhar
Luciano Siqueira, no Blog da Folha
Duas leituras se sobressaem ao se examinar o secretariado do
governador Paulo Câmara, anunciado ontem: o bom exercício da hegemonia política
e a qualidade do time escolhido.
No exercício do poder, frequentemente se pratica a hegemonia
do modo distorcido, excessivamente centrado em supostos interesses próprios da
força política preponderante. Um atalho para o auto-isolamento de consequências
futuras nefastas.
Partidos e grupos sociais influentes se unem em torno de um
programa construído conjuntamente e submetido ao crivo do eleitor. Ou seja,
forma-se um consenso a respeito da obra política e administrativa a realizar,
sob o comando do governante e do partido a que pertence.
Ora, numa conjugação de forças ampla e diversificada,
vencedora na pugna eleitoral, quanto mais enfática a preservação da amplitude,
mais eficiente será a liderança da corrente política que se sobressai. Mais: é
sempre de bom alvitre alargagar mais ainda a base política e social de um
governo, sobretudo no seu nascedouro, sem que isso signifique perda de conteúdo
programático.
Do contrário, a exacerbação do matiz próprio do partido hegemônico
em postos de primeiro escalão converte-se, invariavelmente, em meio caminho para
a perda futura da hegemonia conquistada.
O governador Paulo Câmara deu uma demonstração de descortino
e competência política na montagem do seu secretariado. No conteúdo – acentuando
amplitude e pluralidade (inclusive com saudável implicação sobre a composição
da bancada federal de Pernambuco), sem obscurecer o traço saliente do seu
próprio partido em funções caracterizadas como nucleares da gestão. E no método:
poucas vezes se terá transitado nesse tipo de engenharia política com tão pouco
espaço a especulações inadequadas.
Demais, o primeiro escalão do governo é formado por quadros competentes,
com experiência acumulada, tanto na esfera administrativa como na luta
política.
O desafio desse time, sob o comando de Paulo Câmara, tem
sentido estratégico. Trata-se de continuar e atualizar o legado de Eduardo
Campos, que em dois governos consecutivos foi capaz de construir, juntamente
com o governo federal, as bases para um novo ciclo de desenvolvimento do estado.
Desafio que exige muito em eficiência administrativa – seara
onde o governador eleito já foi testado e aprovado; e, sobretudo, maturidade e
habilidade política – que Paulo Câmara revelou na campanha eleitoral e agora
confirma em seus primeiros passos como governante.
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