06 setembro 2016

Conflito social em alta

Mais do que um detalhe
Luciano Siqueira, no Blog da Folha

O noticiário dos últimos dias tem registrado oscilante atitude de Michel Temer e seu grupo em relação aos protestos contra seu governo. 
Após tentar reluzi-los à insatisfação de alguns poucos, passa a reconhecer que assumem uma dimensão significativa.
Impossível não enxergar os 100 que foram às ruas em São Paulo no fim de semana!
Em relação a outras matérias, como as pretendidas reformas previdenciária e trabalhista, o presidente e ministros ora afirmam que devem acontecer imediatamente, ora acenam com um processo mais demorado de debate.
Desde a interinidade essa oscilação, em geral é mediada pelas pressões da base parlamentar governista essencialmente conservadora e fisiológica, numa ponta; e pelos senhores do mercado financeiro, ou seja, o poderoso setor rentista que determina o que o governo deve fazer e tem o controle da mídia monopolizada.
Parece um mero detalhe, mas não é: trata-se de um governo ilegítimo, frágil e refém de uma base política e social elitista e desencontrada.
No que se refere ao relacionamento do governo com os movimentos sociais e os protestos políticos, tudo até agora tem sido mero ensaio do que está por acontecer.
A agenda regressiva de direitos assumida pelo grupo que assaltou o poder central inevitavelmente resultará em muita luta social e política.
Nada que se possa confundir com ação de baderneiros - como insinuam Temer e seu ministro da Justiça.
Na verdade, prenuncia-se uma tendência ascendente de manifestações, nas mais diversas formas, contrárias às políticas neoliberais que estão sendo retomadas.
Esta será uma variável importante na cena política atual, capaz de gradativamente alterar a correlação de forças nas esferas institucionais, que proporcionou a consumação do impeachment.
Parcelas expressivas da população que, entre perplexa e impactada pela pressão midiática, não alcançou ainda o sentido das mudanças políticas em curso, gradativamente serão instadas, até por instinto de sobrevivência, a reagir diante do agravamento de suas condições de existência.
Passadas as eleições municipais, Brasília voltará a ocupar lugar central na cena e toda a perversidade do retorno ao padrão neoliberal do governo chegará à casa dos brasileiros.
Em suma, viveremos uma nova fase de acirrado conflito social e político.

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