À deriva
Eduardo Bomfim, no VermelhoA condenação do ex-presidente Lula, com nítido caráter de perseguição política, o persistente e contínuo esfarelamento do governo Temer, associado ao anterior impeachment da ex-presidente Dilma, como retrato da vulgarização, banalidade, desse instituto constitucional ao longo da Nova República desde a promulgação da Constituição de 1988, a aprovação da reforma trabalhista profundamente contrária aos direitos dos assalariados, representam aspectos gravíssimos da atual crise estrutural brasileira.
Com a economia
estagnada, desemprego crescente, desindustrialização persistente há décadas, a
estratosférica remuneração do capital financeiro, especialmente do rentismo
insaciável, sustentado pela chamada dívida pública da união, entre outras
formas de rapinagem, a nação vê-se sem rumos, desprovida de um projeto
estratégico de desenvolvimento que lhe dê sentido e perspectiva.
Além disso
assistimos o Estado nacional fragmentado em corporações poderosas, outras com
essa pretensão, que se invocam como alter ego da nação, mas nenhuma delas
possui o sentimento e a responsabilidade de contributo aos destinos do País.
Desalentada
e com crescente perda de autoestima, a sociedade brasileira acha-se sem norte,
sul, leste ou oeste, ao sabor de uma tormenta institucional antropofágica que
vai devorando a tudo e a todos, uns mais outros um pouco menos, mas a verdade é
que ruma para a destruição da vida política nacional, instância decisiva da
participação social na vida do País.
Dividido, o
Brasil é alvo contínuo das ações de grandes potências, no aspecto econômico,
comercial ou geopolítico e mesmo assim ainda é a sétima economia mundial, com
uma população de 210 milhões de habitantes, um território continental, cujas
áreas e riquezas estratégicas são extremante cobiçadas, como a Amazônia.
O País
precisa voltar a crescer, reconstruir a unidade das grandes maiorias em torno
de um projeto que seja mais que um rumo de desenvolvimento, mas um espírito de
País, um Estado moderno, uma sociedade próspera com justiça social, como afirma
o Manifesto pela União Nacional do ex-ministro Aldo Rebelo.
A atual
crise vai continuar se desdobrando de forma desembestada, numa autofagia
acelerada e vai demonstrar que só será superada em um patamar econômico, social
e político superior da vida nacional.
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