A nação à deriva
Luciano Siqueira
Mosaico de péssima aparência, desenhado sobre areia movediça. Eis a síntese da situação do Brasil agora.
Começa que as fronteiras entre os chamados três poderes da República estão definitivamente borradas. A independência entre eles e a demarcação do quadrado de cada um já não existem, esgarçados pela gravidade da crise - que hoje já é, num certo sentido, principalmente institucional.
No Congresso Nacional ninguém lidera ninguém, isto é, identificam-se as bancadas mais por epítetos em razão de interesses imediatos do que pelas legendas partidárias: "centrão", "da bola", "da Bíblia", "ruralistas"...
Mais: a cada matéria complexa e de agudo interesse do governo se realiza penosa e desmoralizante rodada de negociações, distante sob todos os títulos dos princípios republicanos.
Ministros da Suprema Corte definitivamente se converteram em personagens midiáticos e militantes para-partidários e reincidem frequentemente no exercício de funções que constitucionalmente cabem ao Parlamento.
O Executivo, com a mancha da ilegitimidade e enlameado por procedimentos espúrios, implementa uma agenda absolutamente contrária à soberania do país e retira ou restringe direitos dos que sobrevivem do seu trabalho. Pratica um ajuste fiscal dogmático que afunda a economia na recessão.
Um cenário em que o que menos se pode esperar é a confiança da maioria dos brasileiros nas instituições.
Um vazio se aprofunda. Perigosamente. E requer respostas das forças sociais e políticas comprometidas com a soberania nacional, com a democracia e com a valorização do trabalho e da produção.
À direita, correm em busca de esperto mimetismo eleitoral o deputado Bolsonaro e o prefeito Doria.
O centro democrático vê-se dizimado, pós-oposição a Dilma e pós-decepção com Temer, e dá lugar à preponderância do centro-direita.
No campo popular e progressista, o desafio é fazerem convergir impressões e propostas e, para além do sectarismo e da intolerância, aglutinar forças em arco tão amplo e diversificado quanto necessário para o enfrentamento das próximas batalhas, inclusive as eleições gerais do ano vindouro.
Nesse sentido, repetidos pronunciamentos do ex-presidente Lula em favor de alianças políticas e eleitorais, no transcurso de sua viagem pelo Nordeste, contribuem para alertar segmentos ultra-sectários da inconsequência do autoisolamento.
Por enquanto, a nação segue à deriva - inserida num mundo conturbado e pleno de ameaças.
Reagir e buscar alternativas à crise é um dever patriótico.
Luciano Siqueira
Mosaico de péssima aparência, desenhado sobre areia movediça. Eis a síntese da situação do Brasil agora.
Começa que as fronteiras entre os chamados três poderes da República estão definitivamente borradas. A independência entre eles e a demarcação do quadrado de cada um já não existem, esgarçados pela gravidade da crise - que hoje já é, num certo sentido, principalmente institucional.
No Congresso Nacional ninguém lidera ninguém, isto é, identificam-se as bancadas mais por epítetos em razão de interesses imediatos do que pelas legendas partidárias: "centrão", "da bola", "da Bíblia", "ruralistas"...
Mais: a cada matéria complexa e de agudo interesse do governo se realiza penosa e desmoralizante rodada de negociações, distante sob todos os títulos dos princípios republicanos.
Ministros da Suprema Corte definitivamente se converteram em personagens midiáticos e militantes para-partidários e reincidem frequentemente no exercício de funções que constitucionalmente cabem ao Parlamento.
O Executivo, com a mancha da ilegitimidade e enlameado por procedimentos espúrios, implementa uma agenda absolutamente contrária à soberania do país e retira ou restringe direitos dos que sobrevivem do seu trabalho. Pratica um ajuste fiscal dogmático que afunda a economia na recessão.
Um cenário em que o que menos se pode esperar é a confiança da maioria dos brasileiros nas instituições.
Um vazio se aprofunda. Perigosamente. E requer respostas das forças sociais e políticas comprometidas com a soberania nacional, com a democracia e com a valorização do trabalho e da produção.
À direita, correm em busca de esperto mimetismo eleitoral o deputado Bolsonaro e o prefeito Doria.
O centro democrático vê-se dizimado, pós-oposição a Dilma e pós-decepção com Temer, e dá lugar à preponderância do centro-direita.
No campo popular e progressista, o desafio é fazerem convergir impressões e propostas e, para além do sectarismo e da intolerância, aglutinar forças em arco tão amplo e diversificado quanto necessário para o enfrentamento das próximas batalhas, inclusive as eleições gerais do ano vindouro.
Nesse sentido, repetidos pronunciamentos do ex-presidente Lula em favor de alianças políticas e eleitorais, no transcurso de sua viagem pelo Nordeste, contribuem para alertar segmentos ultra-sectários da inconsequência do autoisolamento.
Por enquanto, a nação segue à deriva - inserida num mundo conturbado e pleno de ameaças.
Reagir e buscar alternativas à crise é um dever patriótico.
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