10 agosto 2017

Realidade e consciência

Fator de avanços e de retrocessos
Luciano Siqueira, no Vermelho

Na esteira da crise da teoria marxista pós derrocada da URSS, tem-se procurado compreender melhor a relação entre a realidade objetiva e as forças subjetivas no movimento transformador.

No informe político ao 7º. Congresso do PCdoB, em 1988, João Amazonas manuseia esse conceito – com o qual os comunistas têm lidado na construção do seu Programa Socialista e de orientações táticas conjunturais.

Amazonas, naquele informe, apoiado em argumentação consistente, registra as circunstâncias objetivas de então, vinculadas aos novos fenômenos da acumulação capitalista — em que, em razão queda tendencial da taxa média de lucro, a própria realimentação do sistema se via comprometida. 

Daí as políticas ditas neoliberais, cuja essência no que diz respeito a essa questão específica está na recuperação da mais valia a todo custo, incluindo a super precarização das relações de trabalho. 

E com o avanço da globalização nos termos atuais, borrar fronteiras e enfraquecer os Estados nacionais passou a ser também, para a reconfiguração do sistema, uma questão nodal.

Em consequência, a super exploração dos povos pelos centros capitalistas e a absurda desigualdade social.

Caldo de cultura para a eclosão de movimentos libertários.

Entretanto, no plano subjetivo, as forças populares, democráticas e revolucionárias, padeciam (como padecem até hoje) de uma imensa defasagem teórica e política.

Essa equação permeia o exame do ciclo mudancista que vivemos no Brasil durante os dois governos Lula e o primeiro governo Dilma.

A coalizão governista de então, a corrente hegemônica em particular, o PT, soube manusear em certa medida, com êxito, problemas conjunturais, carecendo, no entanto de descortino estratégico.

Em outras palavras, a despeito da afirmação da soberania do país, da revalorização da democracia e de conquistas expressivas não âmbito social, não se logrou êxito na direção de um novo projeto de desenvolvimento do país, a ser conduzido por um Estado nacional forte.

Ao contrário, precisamente por essa falta que descortino estratégico, se adotou medidas que enfraqueceram o Estado. Tudo a ver com a atual crise institucional e com o processo de recolonização de nossa economia, em curso.

Os erros táticos crassos, sobretudo no segundo governo Dilma, refletem tanto a ausência de um projeto estratégico, como da absurdamente precária compreensão da correlação de forças em presença.

O Projeto de Resolução Política em debate no 14º Congresso do PCdoB configura uma agenda, que plenamente desenvolvida, contribuirá em muito para a superação do atraso das forças subjetivas no Brasil de hoje.

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