03 janeiro 2021

Variações táticas

Fernando Diniz terá de aprender que às vezes é preciso mudar convicções

É lamentável ver o Cruzeiro arrasado por dirigentes incompetentes e corruptos em seu centenário.

Tostão, Folha de S. Paulo

Pelas quartas de final da Libertadores, uma competição esportivamente mais importante que a Copa do Brasil, o Santos, dirigido por Cuca, atropelou o Grêmio, comandado por Renato, ao anular o forte meio-campo do time gaúcho. O Grêmio já tinha sido goleado pelo Flamengo, na eliminação da Libertadores de 2019, quando tentou ter o domínio da bola e do jogo e não conseguiu.

Renato percebeu que, para eliminar o São Paulo, um time que valoriza também a posse de bola e a troca de passes, tinha que fazer o mesmo que fez o Santos contra o Grêmio. Deu certo. A vitória por 1 a 0 na primeira partida, quando o São Paulo foi melhor, facilitou a estratégia do Grêmio no segundo jogo.

No Morumbi, o São Paulo foi superior em todos os itens das estatísticas, menos no principal, nas claras chances de gol. O Grêmio teve uma, e o São Paulo, nenhuma.

Para quem não torcia e só queria ver o bom espetáculo, os dois jogos entre Grêmio e São Paulo foram fracos, amarrados, com muitas faltas e muita marcação, abaixo da média de qualidade das partidas do Brasileiro.

Fernando Diniz, que tem se revelado um ótimo treinador, terá de aprender com Cuca e com Renato que, às vezes, é necessário mudar, em determinados momentos, os conceitos e as convicções.

No Brasil, aumentaram, recentemente, as discussões sobre futebol de resultados e desempenho. Todos os técnicos do Brasil e do mundo querem vencer, sem exceção. A diferença está no jeito de fazer. Renato, que sempre destacou o futebol bonito e eficiente do Grêmio, vibrou com a correta postura defensiva da equipe contra o São Paulo.

Na final da Copa do Brasil, contra o Palmeiras, que não tem o estilo de jogar do São Paulo, qual será a estratégia do Grêmio, mais ofensiva, com mais troca de passes, mais posse de bola e mais criativa, ou uma repetição do jogo aguerrido, de muita marcação, que lembra o Grêmio dos anos 1990, embora o time dirigido por Felipão tenha sido uma mistura de garra e talento?

Prefiro muito mais o Grêmio campeão da Libertadores de 2017, quando deu show de bola, que o time que eliminou o São Paulo, mas reconheço as necessidades do momento e a eficiência do técnico Renato. Já o brilhante historiador Eduardo Bueno, o Peninha, deve estar eufórico com o Grêmio dessa última semana, o time de seus sonhos.

Após a partida, Renato, de seu jeito, sem nenhuma falsa modéstia, falou que os jogadores entenderam bem sua estratégia, como se dissesse: “Eu ganhei o jogo”. E ainda fez uma analogia machista, de péssimo gosto, ao dizer que há homens que tentam seduzir um milhão de vezes uma mulher e não conseguem, enquanto outros, com sucesso, sem falar nada, vão direto aos finalmentes. Para Renato, o São Paulo ficou com a bola, sem fazer nada, enquanto o Grêmio foi prático, objetivo.

Da resistência nascerão novas conquistas https://bit.ly/2WZBd34

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