Raiz
Mia Couto
Não é o viver que me cansa.
É o não haver
morto
que, em mim, não ressuscite.
De tal
modo
que não encontro morte que seja minha.
Alheio e
distante
se tornou o fim que trago em mim.
Longínqua a
fonte
onde bebi a luz até ser pranto.
O meu
sonho
vai lavrando noites
e não há fundura na terra
que receba o meu sono.
A casa
segue a vocação da asa.
E eu,
para ser feliz,
esqueço-me que sou raiz.
[Ilustração: Edgar Degas]
.
Veja: Ele aumentou o tom das ameaças. E agora? https://bit.ly/3E1XhhF
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