29 julho 2022

Elite retrógrada

Quem não assina as cartas democráticas
Quem não der um basta ao golpe vai se juntar ao novo e grande partido autoritário
Vinícius Torres Freire, Folha de S. Paulo

Os manifestos pela democracia do 11 de Agosto criam dificuldades importantes para os avanços do golpe em curso e para uma tentativa de institucionalização autoritária, caso Jair Bolsonaro e cúmplices cheguem às vias de fato.

Quanto mais adesões tiverem, mais empecilho. Mas uma tentativa de contenção, apenas. Há muita gente que subscreve o programa autoritário, com ou sem Bolsonaro; se não em 2022, depois. Há uma corrente social e política grande, profunda, a favor do regresso, da reação e da violência, institucional ou direta, na rua. Os omissos vão se juntar a quem subscreve a carta antidemocrática.

Não é uma crise circunstancial. Grupos, categorias, classes, o nome que se dê, acharam conveniente defender seus interesses e reclamar mais poder ou a representatividade que julgam merecer por meio de Bolsonaro ou se identificam com o que pensa.

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Várias associações empresarias e outras da assim chamada "sociedade civil" vacilam diante do convite para assinar uma das duas cartas de apoio à democracia que serão os motes dos atos do dia 11 de agosto, na Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo.

Uma delas foi lançada por pessoas ligadas à São Francisco, a escola de direito da USP e é assinada por indivíduos. O movimento em torno de outra dessas cartas está sendo tocado pela Federação das Indústrias de São Paulo, a Fiesp, "agora sob nova direção", e já obteve o apoio da Febraban.

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[Ilustração: Francisco Goya]

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