A busca da civilização da indústria com
responsabilidade social
Há uma enorme gama
de oportunidades pela frente, da reorganização das cadeias produtivas globais
aos investimentos na economia verde.
Luís Nassif/GGN
Quem
foi ao evento da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) com
Lula e Ministros, surpreendeu-se com o discurso de Josué Gomes da Silva,
presidente da entidade.
Falou na civilização da indústria, na responsabilidade social,
no desenvolvimento acoplado com responsabilidade social.
No dia
seguinte participei do evento comemorativo dos 90 anos da Fundação Escola de
Sociologia e Política de São Paulo. E ali me dei conta de que seu fundador,
Roberto Cochrane Simonsen, também fundador e primeiro presidente da FIESP,
tinha, enfim, encontrado um sucessor que assimilou seus ensinamentos.
Em 1944, Simonsen criou uma junta nacional de planificação no
Conselho Nacional de Política Industrial e Comercial, ao lado do Ministro
Marcondes Ferraz e San Thiago Dantas – outros dois personagens empenhados na
modernização do capitalismo brasileiro.
Participavam da junta Lucas Lopes – principal inspirador do
Plano de Metas de JK -,.Valentim Bouças, o engenheiro Ary Torres, Roberto
Campos. E os grandes assessores de Simonsen, que depois participariam da
assessoria econômica direta de Getúlio Vargas: Rômulo de Almeida e Jesus Soares
Pereira.
Simonsen surge no cenário político em 1928, no Centro das
Indústrias de São Paulo, defendendo a função social da indústria, harmonizando
capital e trabalho. A FESPSP foi a primeira instituição a estudar a condição de
vida do trabalhador brasileiro, criando as bases para a instituição do salário
mínimo.
Dou toda essa volta para voltar ao tema “civilização da
indústria”.
No
salão da FIESP, apinhado, via-se inicialmente uma enorme má vontade para com
Lula, fruto de uma base essencialmente bolsonarista. Gradativamente, os
sucessivos discursos de apoio à indústria foram abrindo os olhos – pelo menos
de parte do auditório – do esboço de um novo pacto pela frente, em torno da
reindustrialização com responsabilidade social.
Um dos principais ingredientes do pacto estava na mesa, Josué
Gomes da Silva, uma herança isolada dos grandes capitães da indústria que
vicejaram até os anos 90, antes de serem sufocadas pela onde ultraliberal,
cujas comportas foram abertas pelo Plano Real.
Lá estava o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e
Social) apresentando brechas no calabouço das taxas de juros, dominado pelo
Banco Central, um Ministro do Desenvolvimento Indústria e Comércio, Geraldo
Alckmin, esboçando um discurso de apoio à indústria, embora não seja do ramo. E
o discurso final de Lula colocando a indústria como peça central do novo
desenvolvimento.
Há uma longa luta pela frente. Há um desenho diferente de
indústria, com a digitalização, a mixagem com serviços. E há uma enorme gama de
oportunidades pela frente, da reorganização das cadeias produtivas globais aos
investimentos na economia verde. E existem bases para o país se preparar para a
nova fase, com a resistência do Sistema Nacional de Inovação, a possibilidade
de retomada dos investimentos da Petrobras. Embora com uma equipe inexperiente,
Alckmin teve o mérito de remontar os fóruns governo-capital-trabalho.
Ainda há um longo trabalho pela frente, que vai da criação de
condições macroeconômicas favoráveis à conquistado corações e mentes da opinião
pública e, especialmente, dos industriais.
Mas os dois eventos – na FIESP e na FESPSP – acenderam uma
luz de esperança de que o país ainda tem jeito.
Governo Lula, desafios atuais: a palavra do PCdoB https://tinyurl.com/3vnacznu
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