08 setembro 2008

Análise oportuna

No Vermelho, por Eduardo Bomfim:
Nordeste e eleição

Quando se aproxima o pleito eleitoral de outubro, é sempre importante um balanço da correlação de forças, entre o campo que defende verdadeiramente o desenvolvimento, a inclusão social e a modernização efetiva da sociedade brasileira e aqueles agrupamentos que resistem aos novos tempos, sob os mais variados e disfarçados argumentos.

O Nordeste, por exemplo, é uma das regiões do país em que o resultado das futuras eleições deverá ser significativamente importante. Visto que apesar de ser o berço da nacionalidade, cuja riqueza cultural, histórica, representa um grande acervo para a construção permanente da nossa identidade, não possui igual dimensão em relação às desigualdades sociais e a um desenvolvimento econômico diversificado e sustentável.

O atraso do Nordeste comparado ao Sudeste e ao Sul do Brasil ainda é imenso. A origem dessa assimetria regional repousa na revolução burguesa de 1930 quando foram lançadas por Getúlio Vargas as bases da industrialização nacional.

Esse processo, que substituiu do poder central as velhas oligarquias agrárias, não se efetivou como uma completa modernização. No Nordeste brasileiro permaneceram, no mando, as velhas estruturas fundiárias herdeiras da colonização portuguesa.

Outro grande ensaio para o futuro da região deu-se no governo desenvolvimentista de Juscelino Kubitschek, com a criação da Sudene, impulsionado em seguida pelo governo nacionalista e progressista de João Goulart, visando o planejamento industrial diversificado, sob a orientação do grande pensador e economista Celso Furtado e sua excelente equipe de planejadores.

O golpe de 1964 apoiou os conservadores que se opunham ao crescimento econômico multilateral. Eles temiam a perda da hegemonia política em seus Estados. Assim, o Nordeste foi mais uma vez sobrestado em seus interesses estratégicos.

Hoje, a região possui 28% da população brasileira e participa apenas com 13,1% do PIB nacional. Persistem as desigualdades sociais, concentração da renda e uma modernização industrial quase que vegetativa, apesar dos grandes investimentos no governo Lula.

As mudanças exigem uma nova correlação de forças, saída das lutas políticas. O que parece uma disputa menor, como as eleições a prefeito e vereadores, faz parte, na verdade, de uma batalha cuja dimensão é histórica.

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