10 dezembro 2009

A hora da onça beber água: chapas majoritárias

Na virada do ano, chapas majoritárias na pauta
Luciano Siqueira


É sempre assim: partidos e lideranças mais influentes represam o debate eleitoral até a virada do ano, na correta intenção de evitar precipitações ou submeter nomes escolhidos a um antecipado combate por parte de adversários. Mais: nem sempre o que reluz é ouro – ou seja, o desenho prévio de chapas sofre a influência de variáveis novas que passam a conformar o cenário da disputa.

Mas o clima de confraternização de fim de ano, regado a um bom vinho, anuncia o advento das negociações partidárias. Das mesas das festas às salas de reuniões é um pulo. No começo a cautela entre os atores presentes se assemelha aos primeiros rounds de uma luta de box: é preciso estudar os propósitos, os argumentos e a tática de cada um antes de avançar nas próprias pretensões.

É o que acontecerá agora cá na província. De ambos os lados, situação e oposição.

Se na oposição a pedra de toque é a escolha de um candidato a governador que pelo menos se preste a endurecer a disputa inicialmente favorável às forças governistas; do lado de cá o problema é outro: a partir de uma recandidatura do governador Eduardo Campos – hoje franco favorito -, mostra-se necessário evitar erros na composição do restante da chapa.

E os erros rondam a coalizão governista. A começar pela discussão pública de assunto delicado – a hipótese de substituição do atual vice-governador João Lyra Neto. Depois, a mal-arrumada abordagem das duas vagas ao Senado.

Ora, o lugar de vice em princípio cabe ao titular. Colocar a questão à revelia de Eduardo e levá-la a público em nada ajuda. Ao contrário, gera tensões desnecessárias e absolutamente evitáveis. Depois, a escalação dos dois candidatos ao Senado tem relação com a composição do time adversário – e a oposição ainda claudica na escolha de nomes.

Os atuais senadores oposicionistas terão suas recandidaturas confirmadas ou não – pelo menos a de um deles – a depender de quem seja o cabeça de chapa.

Por que, então, já dá como favas contadas a escolha de dois possíveis candidatos ao Senado pelo lado governista? Não há nenhum proveito nisso.

Essas são, digamos, ponderações que se fazem oportunas como preliminares da abertura “oficial” das conversações entre os partidos no advento do Ano Novo. Sem estresse nem agouro...

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