No Vermelho:
O primeiro debate do 2º turno entre os candidatos a presidente da República na TV Bandeirantes revelou o melhor momento de Dilma Rousseff nesse tipo de disputa. Ela se portou com veemência, convicção e, aliás, com muita serenidade diante das provocações rasteiras, agressivas e insidiosas de que tem sido alvo. Enfrentou com indignação e altivez a campanha sórdida perpetrada contra ela.
Por Renato Rabelo*
José Serra, em muitos momentos do debate, desde o começo, sentiu-se desnudado, sem respostas. A fim de esconder seu desapontamento, diversiona: vocifera que Dilma está “agressiva”. A contundência de Dilma que tirou a máscara de Serra – as suas “mil caras”, como denominou precisamente nossa candidata – é repercutida pela oposição e a mídia serrista como atitude agressiva. É obvio. É o mote que encontraram, aos vexames, para esconder o impecável desempenho de Dilma e o atônito e rebarbativo desempenho de Serra.
A reação de muitas pessoas do meu convívio fora do meio político – diga-se que alguns votaram em Marina no primeiro turno – foram eloquentes: “Agora entendo por que Lula a escolheu. Ela é de fato destemida e preparada”.
Dilma, no transcorrer das duas horas de debate, procurou demonstrar que Serra não apresentou nenhum projeto para o país, esconde o desastre do passado governo tucano de FHC – e ele foi destacado defensor do que diziam os documentos dessa época: “O maior plano de privatizações da história no mundo”.
Dilma reagiu com justeza à situação em que Serra, sem projeto a apresentar, agindo com seu sistema de apoio, apelou para o nível da baixaria, da mentira e deturpação grosseira, explorando valores caros ao povo, para incitá-lo vergonhosamente contra a sua candidatura. É tudo isso que Dilma, numa nova atitude, procurou responder nesse debate de domingo.
Logo no primeiro bloco do debate, em face da pergunta lançada de qual o maior desafio para o futuro governo nacional, Serra revelou o seu limite: reduziu essa questão central para o futuro da nação a algumas medidas mal alinhavadas para educação. Dilma foi direta na questão do desafio central para o Brasil: desenvolvimento robusto com distribuição de renda e crescimento sustentado.
Este é o caminho a ser perseguindo. Porque, sem um desenvolvimento acelerado do país, não iremos alcançar uma educação para todos de qualidade, assim também no caso da saúde e outras exigências sociais fundamentais. É certo que, no projeto nacional de desenvolvimento, a educação ocupa papel nodal. Dilma enfocou o desafio no seu verdadeiro contexto, demonstrando o caminho e um horizonte para o Brasil.
O debate sustentado por Dilma trouxe a lume que o candidato tucano não tem um projeto explícito e apenas apresenta receitas pontuais demagógicas (salário mínimo de R$ 600, sendo que antes os tucanos não conseguiram sequer elevar o salário mínimo a mais de 80 dólares), ou “pré-projetos pilotos”, sem dimensão em relação ao tamanho do problema a ser enfrentado – clínica de 90 leitos para atender população de mais de 400 mil dependentes químicos. Mostrou que ele esconde o desastre do passado governo tucano de FHC, com investimentos reduzidos e contidos pela tutela ao FMI tornando a infra-estrutura sucateada, hoje sem nenhuma autoridade para criticar as inúmeras obras dos ambiciosos PAC 1 e PAC 2 iniciadas pelo governo Lula.
Também Dilma denunciou que ela, quando assumiu a presidência do Conselho da Petrobras, no primeiro governo Lula, encontrou planos de “esquartejamento” desta empresa estatal, dividindo-a em fatias, preparando sua privatização por partes. Dilma também acentuou a posição defendida pelo esquema de Serra, e sem uma orientação nítida da parte dele, em mudar o projeto apresentado pelo governo sobre o pré-sal, dando-lhe uma natureza privatista, entregando aos grandes monopólios internacionais a exploração de tamanha riqueza, componente essencial para o alcance de uma nação moderna e próspera.
Dilma teve o protagonismo durante o transcorrer de todos os blocos, demonstrando profundo conhecimento do governo nacional e do Brasil.
Bravo, Dilma!
* Renato Rabelo é presidente nacional do PCdoB
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