12 agosto 2011

A palavra certeira de Jomard

COMO SE FOSSE POSSÍVEL
UMA REDE DE AMIZADES
Jomard Muniz de Britto, jmb

Se a memória não nos falha nem mente,
Albert Camus, numa de suas peças,
afirmara: amizade é coisa que não se
IMPROVISA. Nem pelo desejo dos mais
crentes, convictos, entusiasmados.
Com a instantaneidade repentista nossa
de cada dia, noite, diadorins diamantes.
Clamores da poeticidade sem censura.
Espiral circuladora de flores, sementes
da autoestima e até da superenganação.
Tudo ainda valeria a pena se as vidas
fossem menos ávidas, violentamente
imitadoras e conformistas.
Quem apostaria no silêncio do verbo?
Porque a biografia das amizades é tão
perigosa quanto o elogio da loucura.
Dos autos de Gil Vicente ao marketing
dos automóveis em bíblicas mensagens.
Amizade resiste aos desafios, desaforos
e traições edipianas. Melhor poderia
ritmar dignidade com disponibilidade
Esquecendo ciumeiras constelacionais.
Quarteto sem fuga para reler René Char
através de Guenádi Aigui, Boris
Schnaiderman e a supermusa da amizade
Jerusa Pires Ferreira in Silêncio e Clamor,
Ed. Perspectiva, SP, 2010.
Mais do que tríade, quarteto de gestos
entre o hermetismo e o inventivo popular.
Se no princípio o verbo foi Camus,
amizade poderia reconstruir-se pelo
“hermetismo que significa uma confiança
no homem criador, que se torna coautor,
copoeta", enquanto o popular” é um luzir
complexo das raízes mais profundas da
ética e da estética..." De Camus a R. Char.
Amizade, portanto, é o significante de
uma totalidade EST' ÉTICA.
Capaz de transtornar tolices, perversões
e limites do prosaísmo.
Recife, agosto de 2011.

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