16 novembro 2011

Quem tem medo do debate na Frente Popular?

Seria um simples arranjo se não suportasse o debate
Luciano Siqueira

Publicado no Blog da Folha

Se é democrática, implica debate; se é forte e pretende ser duradoura, suporta a divergência. A Frente Popular de Pernambuco é tudo isso e mais: vitoriosa, conduzindo um projeto de desenvolvimento do estado que, sintonizado com os novos rumos trilhados pelo Brasil, alcança o patamar de verdadeira revolução em nossa matriz produtiva, projetando em futuro mediato a triplicação do PIB e semeando, desde já, importantes mudanças no perfil das classes sociais. E – sempre é bom salientar – reelegeu o governador Eduardo Campos com mais de 82 por cento dos votos válidos, impondo ao outrora todo poderoso adversário, senador Jarbas Vasconcelos, uma derrota desmoralizante.

Ora, uma coalizão partidária ampla e de base social majoritária não pode se sentir ameaçada por discrepâncias táticas momentâneas, nem pela explicitação – legítima e compreensível – de pretensões deste ou daquele partido tendo em vista o pleito de 2012. Seria um simples arranjo e não uma frente. Até porque – nunca é demais frisar – as eleições municipais são por natureza conflitivas, pois põem em causa o poder local. E na maioria dos municípios é praticamente inevitável que partidos aliados em plano estadual e nacional enfrentem a disputa entre si, em âmbito local.

Isto posto, ninguém desconhece que a peleja na capital é o epicentro dos preparativos de todos os partidos – da situação e da oposição – para voos mais ousados em 2014. E é claro que à Frente Popular cabe o desafio de vencer na capital, não apenas para consolidar sua força no estado, como para evitar que a oposição combalida e anêmica de ideias recupere esse bastião.

Então, sendo a capital assim tão estrategicamente decisiva, vale almejar a unidade dos dezesseis partidos da coalizão governista em torno de uma candidatura única. Mas o caminho para se construir essa alternativa não é tão simples, ou cartesiano, como alguns aparentemente desejam. A começar pelo fato de que o partido hegemônico – o PT – tem dado indicações publicas, mediante declarações de alguns dos seus quadros mais influentes, de que ainda precisa de tempo para resolver se reapresenta o atual prefeito, João da Costa, ou escolhe outro nome.

Nesse cenário, e bem antes da fase pré-eleitoral propriamente dita (quando os partidos sentarão à mesa para debater e decidir), nada mais natural que alguns partidos façam conjecturas e ensaiem alternativas táticas, reflexos de discrepâncias que não se deve esconder, e sim tratar através do diálogo.

A resultante será, sem dúvida, a celebração da unidade em termos mais elevados e, por conseguinte, a fortalecimento da Frente Popular, que pode e deve seguir acumulando vitórias eleitorais e administrativas.

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