Luciano Siqueira
Publicado no
Blog da Folha e no Blog Algomais
Muda o perfil etário da população brasileira. Com a
ampliação da expectativa de vida, que agora se estima em 74 anos de idade, o
percentual dos indivíduos considerados idosos cresce anualmente. Uma conquista
e, ao mesmo tempo, um desafio.
De fato, em apenas cinco décadas, a população
brasileira aumentou quase três vezes: passou de 70 milhões, em 1960, para 190,7
milhões, em 2010. E, permeando esse crescimento populacional, destaca-se a
população idosa. Em 1960, 3,3 milhões de brasileiros tinham 60 anos ou mais e
correspondiam a 4,7% da população. Em 2000, 14,5 milhões, ou seja, 8,5% dos
brasileiros estavam nessa faixa etária. Na década seguinte, o salto foi maior
ainda: em 2010, 10,8% da população (20,5 milhões). Isto de acordo com os censos
demográficos do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) de 1960,
de 2000 e de 2010.
Desafio para o sistema de saúde, que agora tem que
se desdobrar para dar conta da atenção específica à população idosa, que requer
uma gama de serviços e de atenção que implica em meios diagnósticos e modos de
tratamento, a prevenção de determinadas patologias e, sobretudo, a promoção de
uma vida digna. Ainda segundo o IBGE, 3 em cada 4 idosos têm alguma doença
crônica.
Doenças cardiovasculares, diabetes, enfisema
pulmonar ar e bronquite crônica, Mal de Alzheimer e outras formas de
senilidade, hipertensão arterial, osteartrose e catarata são males que mais
acometem o idoso.
O idoso sofre em nosso País. Dias atrás, a Secretaria
de Direitos Humanos da Presidência da República revelou que as denúncias de
violação a direitos humanos dos idosos registradas pelo Disque 100 entre
janeiro e novembro deste ano aumentaram 199%, cotejadas com o mesmo período de
2011: há um ano, 7.160, este ano 21.404.
Assim mesmo, cabe anotar o subregistro nesses
casos, uma vez que o Disque 100 é algo recente. E sabe-se do receio de boa
parte das pessoas afetadas de efetivamente denunciaram maus tratos, em função
de possíveis represálias por parte dos denunciados. Tanto que, em geral, a
denúncia de agravos é feita por terceiros.
O Estatuto do Idoso, vigente desde setembro de
2003, ainda não é efetivamente levado em consideração nas relações sociais.
Demais, não existe ainda uma rede assistencial estabelecida para a atenção a
essa faixa da população.
Agrava esse cenário o fato de que sofrem não apenas
os idosos pobres e de famílias de baixa escolaridade. Sofrem idosos de todas as
camadas da sociedade, uma vez que os brasileiros ainda não aprenderam a conviver
e a respeitar os indivíduos que alcançam idade avançada. A solidão talvez seja
o mais grave dos acometimentos: o idoso sente-se só ambiente familiar, relegado
a um papel secundário.
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