Luciano Siqueira
Publicado
no Vermelho www.vermelho.org.br
Desde que a data tornou-se o Dia a Internacional do Trabalhador
por proposição da Internacional Socialista, em 1889, o 1º. de Maio registra
mundo afora um misto de protesto e celebração. Protesto contra a exploração
capitalista em suas diversas dimensões, que aqui e ali se fazem mais agudas, ao
sabor da correlação de forças entre os detentores do capital e os que possuem a
força de trabalho; celebração pelas enormes conquistas alcançadas desde então.
O 1º. de Maio no Brasil de hoje é a tradução dessa longa e
interminável trajetória de lutas, em três aspectos.
1) Desde que assumiu a presidência da República um operário
oriundo do chão da fábrica e dos piquetes de greve, Luis Inácio Lula da Silva, e
promoveu avanços reais, apesar das ambiguidades intrínsecas a um governo de
coalizão e de disputa interna, o movimento sindical foi chamado a lutar em patamar
superior, mais exigente. Se não caberia tratar o governante como inimigo de
classe, como antes, também se impunha manter a autonomia e a independência do
movimento em relação ao governo. A adesão pura e simples significaria arriar
bandeiras inarredáveis. O combate frontal a qualquer custo resvalaria para o
sectarismo estéril. Ponto para o sindicalismo classista – hoje concentrado principalmente
na CTB (Central de Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil) – capaz de enxergar
a nação e a classe, à margem do corporativismo e do pragmatismo imediatista.
2) As forças que perderam para Lula em 2002 e foram novamente
derrotadas em 2006, e em 2010 por Dilma jamais aceitaram as conquistas históricas
e recentes da classe trabalhadora. Em sua cantilena neoliberal, afirmavam peremptoriamente
que a sobrevivência dos direitos consignados na CLT (Consolidação das Leis do
Trabalho) incidia sobre os custo da produção de tal modo que impedia o
crescimento econômico. Desde Lula se provou o contrário: em 2003, a taxa média
de desemprego era de 12,3%; em 2012, despencou para 5,5%, cada ano revelando enorme
ascensão de postos de trabalho ocupados com carteira assinada. Coincidentemente
as centrais sindicais comemoram neste 1º. de Maio o 70º. aniversário da CLT,
enquanto a grande mídia conservadora dedica grandes espaços a combatê-la.
3) As conquistas obtidas nos últimos dez anos no Brasil põem na
ordem do dia a luta pelo desenvolvimento com distribuição de renda,
sustentabilidade ambiental e valorização do trabalho em nível superior. Romper
definitivamente com as amarras macroeconômicas remanescentes do neoliberalismo
e destravar o progresso econômico e social requer a participação crescente dos
trabalhadores na cena política. Para defender seus interesses específicos e
imediatos e, sobretudo, para disputar a hegemonia na tessitura de um novo
projeto nacional de desenvolvimento.
Nenhum comentário:
Postar um comentário