Uma vitória do Brasil e dos países emergentes
Por Renato Rabelo*
O
Embaixador brasileiro Roberto Azevêdo é o novo diretor-geral da Organização
Mundial do Comércio (OMC). Começa a exercer suas funções como tal a partir de
setembro deste ano, em Genebra, na Suíça. Trata-se de uma vitória que não se
restringe à nacionalidade do novo chefe da OMC, mas principalmente como uma
vitória a ser celebrada e expressão de uma política externa séria, independente,
soberana e em concordância com as profundas transformações em curso no mundo.
Roberto
Azevêdo foi eleito vencendo o candidato apoiado pelos EUA e União Europeia. Um
dos pilares de uma ordem internacional ainda assimétrica, desigual e
antidemocrática, a OMC serviu durante toda sua existência como uma ponta de
lança das políticas comerciais dos países ricos. A OMC entrou em funcionamento
em 1995.
Caso a organização
internacional continuasse nas mãos de determinados interesses, seria iminente
sua completa proscrição diante de uma crise financeira que alimenta o
protecionismo e onde enxurradas de dólares pelo mundo aumentam a disparidade
entre países ricos e pobres.
O desafio está no
processo de harmonizar o papel quase regulador da OMC com o crescente poderio
de países periféricos, chamados "emergentes". Muitos podem achar
impossível essa harmonização, atrelando a própria existência da OMC com uma
ordem mundial que entra em decadência com a crise financeira.
Do ponto de vista da
grande política internacional, a OMC – como qualquer órgão internacional desta
dimensão – é um espaço de disputa política e que deve ser ganha por grupos de
países interessados na mudança do atual estado da arte do comércio
internacional. Vista o processo desta forma é que podemos nos aperceber do grau
de estratégia encerrada: os países ricos foram derrotados nas eleições de um
órgão que sempre esteve a serviço de seus próprios interesses.
Muitos analistas e
diplomatas da era neoliberal sempre criticaram a politica externa que passou a
ser colocada em prática a partir de 2003, com o novo ciclo político inaugurado
por Luiz Inácio Lula da Silva e continuado com a presidenta Dilma Rousseff.
Neste período as relações do Brasil se ampliaram com inúmeros países da África,
Ásia e América Latina, principalmente. Este acúmulo de forças e uma posição
independente e soberana levaram o Brasil ao seu atual protagonismo na cena
mundial.
*Renato
Rabelo é presidente Nacional do PCdoB.
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