Luciano Siqueira
Publicado no portal Vermelho www.vermelho.org.br
Certamente por muitos ângulos é se deve examinar a
última década em nosso País – desde que a eleição de Lula, em 2002, interrompeu
o reinado neoliberal patrocinado por FHC aos dias atuais. Em que medida o
Brasil vem se afirmando, no concerto internacional, como nação soberana; como
tem sido possível preservar nossa débil e distorcida democracia; qual a
dimensão das conquistas sociais alcançadas.
Nesse último aspecto, vale anotar conclusões de
pesquisa recente do Ipea que aponta uma redução em 19,3%, da vulnerabilidade
das famílias brasileiras, no período.
Considerando informações dos censos demográficos de 2000 e 2010, o Ipea atesta que há dez anos a
vulnerabilidade era de 0,305, enquanto que em 2010 caiu para 0,246.
Segundo os pesquisadores, o acesso ao trabalho (29,4%) e aos recursos financeiros (36,2%) se destacam entre os seis componentes do índice geral, com maior peso na redução média nacional. O item desenvolvimento infanto-juvenil diminuiu em 16%.
Segundo os pesquisadores, o acesso ao trabalho (29,4%) e aos recursos financeiros (36,2%) se destacam entre os seis componentes do índice geral, com maior peso na redução média nacional. O item desenvolvimento infanto-juvenil diminuiu em 16%.
Por
outro lado, com desempenho negativo aparecem as condições habitacionais (-13%)
e o acesso ao conhecimento (-11,9%).
Ainda
que aqui não se profunde a análise (que pode ser feita através do estudo detalhado
da nota técnica do Ipea a respeito, no site www.ipea.gov.br), é possível sublinhar, a partir dos indicadores
mencionados, o inegável avanço na melhoria da qualidade de vida da população,
lastreada na enorme expansão do mercado de trabalho e na efetiva valorização da
renda dos trabalhadores.
No
polo oposto, o registro das condições habitacionais, que são precárias para
contingente enorme das famílias, assim como o padrão de escolaridade ainda
muito aquém das crescentes demandas que acompanharam, no período, o incremento
das atividades econômicas.
O
fato, entretanto, é que os dados aqui mencionados são uma espécie de ponta do iceberg
em sentido positivo, subproduto da combinação entre crescimento econômico e
inclusão social, que vem caracterizando o Brasil (e alguns países da América do
Sul), na contramaré da regressão social que se verifica no EUA e na Europa,
atolados em crise sistêmica.
Mesmo
no difícil ano passado, a economia semiestagnada operou com taxa de desemprego
pouco acima de 5% - o que tecnicamente se pode considerar pleno emprego para
muitas categorias -, em tremendo contraste com o que ocorre agora nos países
capitalistas centrais.
Dados
inquestionáveis, portanto, que instigam uma análise cuidadosa e multilateral,
para que se compreenda o processo de mudanças em curso no País, sujeito a
avanços e a retrocessos em meio a penosa transição da ordem herdada de FHC para
um novo rumo no desenvolvimento.
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