Luciano Siqueira
Entretanto, ainda que se considere o tempo ainda largo daqui
até as convenções partidárias (que devem acontecer em junho de 2014), bem que se
poderia arranhar conteúdos pelo menos aproximados do que podemos entender como
projetos de nação. Isto porque apenas lamentações em torno disso ou daquilo,
insinuações e que tais podem alimentar a mídia sequiosa do contraditório e em
busca de algo novo que possa, digamos, dar cores novas a uma desejada disputa. Mas
nada acrescenta.
Daí porque conjecturas em torno de quem pode vir a apoiar
quem carecem de substância justamente porque falta esclarecer motivações reais
para que se concretizem acordos, inclusive aqueles que se desenham de certo
modo esdrúxulos porque pautados entre correntes políticas tão díspares quanto
distantes entre si quando se põem à mesa questões de fundo sobre os rumos do
País.
Ora, no Brasil eleição presidencial historicamente implica
tensão, instabilidade e luta acirrada. Hoje, como o desempenho da economia não
é o desejado e a presidenta Dilma enfrenta quebra de braços com o sistema
financeiro, setores importantes da própria indústria, que desejavam a queda da
taxa básica de juros apenas até certo ponto (porque também lucram na ciranda
financeira) se sentem inseguros ou contrariados e buscam alternativas que lhes
acenem com algo menos ousado ou arriscado. Daí o incentivo a dissidências no
campo governista e a pressão para que o senador Aécio Neves, do PSDB, assuma
com clareza sua postulação. Aos olhos de parte importante do PIB nacional
chegou a hora de por em discussão propostas, particularmente em relação ao grau
de ruptura (ou acomodamento) em relação aos fundamentos macroeconômicos
herdados da chamada Era FHC, quando a financeirização da economia favorecia em
regra o setor rentista que hoje se vê contrariado e se assanha na esfera
política.
Melhor será, nessas circunstâncias, dar menos atenção ao
jogo de cena em torno de hipotéticas alianças e provocar o debate sobre os
rumos da economia e da inserção do Brasil na cena internacional. Já que o
debate eleitoral se faz antecipado (sic), quem quiser se estabelecer que mostre
competência e entre na roda quem tiver a fim de aprofundar o exame da realidade
concreta e opinar sobre os desafios imediatos e futuros do desenvolvimento do
País.
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