Luciano Siqueira, no Blog da Folha
Na Carta Capital, o jornalista Maurício Dias afirma que "a sanha da Lava Jato desconstrói a política e sacrifica as virtudes em nome dos vícios... A bandeira do extremado moralismo autoritário, no entanto, só ilude os cidadãos incautos, porque, neste caso, a Justiça está a serviço da política partidária.”
Na Carta Capital, o jornalista Maurício Dias afirma que "a sanha da Lava Jato desconstrói a política e sacrifica as virtudes em nome dos vícios... A bandeira do extremado moralismo autoritário, no entanto, só ilude os cidadãos incautos, porque, neste caso, a Justiça está a serviço da política partidária.”
Uma
síntese desse instante da vida nacional.
Tudo
contra a corrupção, parece ser a consigna destinada a unir todos contra os
supostos dilapidadores dos recursos públicos.
Supostos,
nesse caso, porque as investigações comandadas pelo juiz Moro e difundidas -
nos aspectos que interessam politicamente - via canais diretos com a grande
mídia e em articulação com o ministro do Supremo, Gilmar Mendes (este de há
muito assumido publicamente militante antipetista), não separa o joio e o
trigo, deliberadamente se mistura numa só panela a contravenção e a captação de
recursos para campanhas eleitorais então permitidas legalmente
A
desfaçatez emerge sem limites.
Justamente
os que até antes do governo Lula punham debaixo do tapete atos de corrupção e
contavam com um procurador-geral que passaria à história como "engavetador
geral da República", agora esbravejam contra a substituição do ministro
Eduardo Cardozo, da Justiça, pelo jurista baiano Wellington Cesar, enxergando
aí uma "tentativa de impedir que prossigam as investigações contra o
presidente Lula"!
Baixou-se
o nível do debate de um modo - que eu saiba - sem precedentes em nossa História
recente.
Ora,
basta que se vá ao Google e pesquise o verbete "quinze maiores escândalos
do governo FHC" para constatar a dimensão ilimitada da hipocrisia agora reverberada
diuturnamente.
A
maioria parlamentar conjugada com a proteção midiática deu tranquilidade aos
tucanos e aliados para seus maus feitos, sem que nada pudesse ser apurado.
Sequer
quando a revista Carta Capital transcreveu conversa telefônica em que o próprio
presidente da República interferia no processo de privatização das empresas de
telecomunicação em favor de um grupo de sua predileção.
Nem
CPI, nem reportagens investigativas.
Que os
corruptos sejam punidos exemplarmente, de acordo com a lei. Mas o uso da Justiça para fins
de disputa política partidária é um escárnio. Um desrespeito à Constituição. Um
ataque deplorável ao estado de direito.
Aos que
têm consciência do que se passa e sempre pugnaram pela democracia cabe
enfrentar a situação adversa exercendo o sagrado direito à resistência.
Ir mais
fundo nas camadas sociais verdadeiramente interessadas na superação da crise e
na retomada do crescimento econômico socialmente inclusivo. Erguer a voz em
toda parte. Travar o bom combate.
Nenhum comentário:
Postar um comentário