13 outubro 2016

Partido programático e uno

Nós os sobreviventes
Luciano Siqueira, no portal Vermelho e no Blog do Renato
Ainda teremos um segundo turno das eleições municipais em muitas cidades e será preciso cotejar todos os dados para uma análise criteriosa e objetiva dos resultados. Entretanto, já é nítida a derrota das forças situadas à esquerda, em meio ao vendaval conservador que varre do país.
Como bem assinala Walter Sorrentino em entrevista ao portal Vermelho (“Eleições 2016: Conservadorismo, fragmentação partidária e recusa à política”), o PT, sobretudo, mas o PCdoB também contabiliza números amargos.
Em alguns lugares, candidatos comunistas parecem ter sido imprensados entre parcelas de setores médios e uma maioria menos esclarecida do eleitorado justamente por um dos maiores méritos recentes do Partido: a resistência firme ao impeachment da presidenta Dilma.
A avalanche reacionária midiática fez os seus estragos.
Contudo, no caso do PCdoB, de antemão – isto podemos assegurar – uma vez mais estará comprovada a sua capacidade de sobrevivência.
Ao longo dos seus 94 anos de existência, cerca de dois terços sob o constrangimento da clandestinidade, da perseguição policial e do preconceito, o PCdoB manteve a sua ação ininterrupta.
Isto não apenas por corresponder a uma necessidade objetiva de representação de uma classe, a dos proletários, mas igualmente porque tem sido capaz de evoluir teórica e politicamente – em especial dos anos sessenta em diante.
Numa sociedade em que partidos políticos historicamente são efêmeros, programaticamente frágeis e marcadamente subdivididos em grupos regionais ou locais, o PCdoB preserva-se nacionalmente uno e referenciado em seu Programa Socialista.
Este é um diferencial: orienta-se por um projeto programático estratégico, que aponta para o atual estágio do desenvolvimento da sociedade brasileira um conjunto de reformas estruturais de caráter democrático, mediante as quais – uma vez conquistadas, fruto de luta renhida e de larga envergadura – se alcançará a mudança qualitativa nas condições de existência materiais e espirituais do povo e uma enorme elevação de sua consciência política, vislumbrando a necessidade e a possibilidade do salto civilizatório socialista.
Demais, nos doze anos de governo progressista liderado pelo PT, os comunistas pelejaram sempre em favor da unidade da coalizão governista e ao mesmo tempo expressaram sua opinião crítica sobre questões centrais, a exemplo da política macroeconômica e da submissão ao setor rentista que prevaleceram como entraves ao desenvolvimento do país.
Agora, sob os escombros da derrota eleitoral, há partidos que discutem a sua “refundação”, tamanha a crise política e ideológica que os abate.
Diferentemente, o PCdoB se prepara para uma Conferência Nacional destinada a atualizar sua linha tática – vale dizer, ajustar os modos de expressar na prática cotidiana, no tempo presente, o seu pensamento estratégico.
Da nova resistência popular ao desmonte de direitos e de conquistas sociais emergirá adiante a luta transformadora a um novo patamar. E o PCdoB está apto a assumir o seu posto.

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