25 outubro 2016

Resistência que pode crescer

Plantando agora para colher adiante
Luciano Siqueira, no Blog da Folha

As múltiplas e crescentes manifestações de protesto contra a PEC 241 certamente não serão suficientes para demover a Câmara e o Senado, que a aprovarão, mercê das suas maiorias conservadoras e fisiológicas. Entretanto, têm muita importância neste momento.

Das ocupações temporárias de escolas por estudantes ao pronunciamento da CNBB, tudo corre para o leito de um mesmo rio — o da resistência ao retorno ao neoliberalismo promovido por Temer e seu bando.

Economistas de reconhecida competência, como Marcio Pochmann, Tânia Bacelar, João Sicsú e outros, têm dissecado o sentido e as consequências nefastas da PEC para a economia do país e para o financiamento de políticas públicas de alcance social.

Aos poucos, parcelas mais amplas da população vão compreendendo o que se passa pós-golpe parlamentar-judicial-midiático que interrompeu o governo da presidenta Dilma.

A agenda regressiva do atual governo seguramente não passará impune. Haverá reação popular.  É questão de tempo.

Agora, atravessamos um instante profundamente negativo, marcado por uma correlação de forças francamente favorável à direita e aos setores mais conservadores.

Sob comando externo — o capital financeiro internacional —, impõe-se aqui o receituário que tem aprofundado a crise nos países da Zona do Euro.

O sistema bancário, a usura e a especulação nadam de braçadas, enquanto a maioria da população vê conquistas e direitos alcançados em pouco mais de uma década escorrerem pelo ralo.

Concomitantemente, segue a trama para incluir o ex-presidente Lula a todo custo entre os punidos por corrupção — ainda que sem provas e à base da "convicção" dos acusadores.

E o PT, que liderou a coalizão governista dos mandatos de Lula e Dilma, é alvo de intenso e ininterrupto fogo cruzado destinado a desmoralizá-lo aos olhos do povo.

Sem Lula no páreo e com PT defenestrado, o terreno estaria livre para a eleição de um presidente tucano apto a aprofundar o retrocesso neoliberal.

Fácil assim? Nem tanto. Falta combinar com o povo — e a atual resistência à PEC 241 parece ser um bom sinal de que essa combinação será rechaçada.

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