As
derrotas ensinam
Luciano Siqueira
A decisão tomada na madrugada de
hoje pelo Supremo Tribunal Federal negando o habeas-corpus impetrado pela
defesa do ex-presidente Lula — uma decisão que se juntará aos grandes erros
históricos do Poder Judiciário, como assinala a nota do PC do B, assinada pela
presidenta Luciana Santos e pela pré-candidata à presidência da República
Manuela D’Ávila —, consolida uma situação cuja marca essencial é a correlação
de forças adversa às correntes do campo popular e progressista.
Ou seja, a continuidade de um novo
ciclo político no País, produzido pelo golpe midiático-parlamentar-judiciário
que interrompeu o mandato da presidenta Dilma Rousseff — em que o mesmo STF
teve papel destacado, ao convalidá-lo.
Certamente a mais contundente
derrota do povo brasileiro desde o golpe militar de 1964.
Que lições tirar?
Por maior que seja a cratera
aberta diante dos olhos de todos, não parece simples extrair lições que
resultem na continuidade da luta de modo consequente.
Em parte significativa das forças
de esquerda e progressistas, o foco ainda é a crítica mútua e a percepção de um
combate imediatista, no falso pressuposto de que a desgraça do vizinho pode
favorecer interesses próprios específicos.
Ou, dito de outro modo, já que o
caos está estabelecido, salve-se quem puder.
Nessa concepção, como a História
ensina, nossas linhas de defesa se enfraquecem, abrindo mais espaços por onde o
inimigo pode seguir avançando, e mais difícil se torna reunir forças para a
resistência e a contra-ofensiva posterior.
Sequer será viável impedir uma
eventual tentativa de adiamento do pleito de outubro, manobra urdida nos
escaninhos do Planalto, destinada a estender a vigência do governo golpista e
lhe permitir avançar na agenda neoliberal regressiva.
Mas há tempo para o bom senso e o
descortino político mais largo, tendo o interesse nacional e do povo em
primeiro lugar.
Para resistir em defesa da
democracia e unir forças em prol de um novo rumo para o País.
O Manifesto 'Unidade para
reconstruir o Brasil', subscrito pelas fundações de estudos e pesquisas do
PCdoB, PT, PDT e PSOL, e apoiado pelo PSB, esboça os termos em que essa união
de forças pode prosperar.
Linha de resistência que comporta
projetos eleitorais próprios de cada partido, em si mesmos legítimos, e ao
mesmo tempo uma junção de forças na disputa pela presidência da República, no
primeiro ou no segundo turno.
O PCdoB tem defendido essa trilha
através da palavra competente, hábil e sincera da sua pré-candidata à
presidência da República, deputada Manuela D’Ávila.
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