Apreensão nos dois polos da disputa
Luciano Siqueira, no Blog da Folha
Noticia-se que agências de investimento
têm enviado informes aos centros financeiros internacionais dando conta da
dispersão entre as forças que consideram de centro-direita, até o momento órfãs
de uma candidatura viável à presidência da República.
Segundo o Estadão, reinaria no todo
poderoso mercado muita apreensão. Mesmo estado de ânimo de diferentes investidores
estrangeiros.
No outro polo da disputa — o campo das
oposições —, a dispersão também permanece.
O PT mantém a pré-candidatura de Lula,
tanto como meio de resistência e de defesa (mais do que justa) do
ex-presidente, como de explorar seu inquestionável legado eleitoral.
O PDT trabalha a pré-candidatura do
ex-ministro Ciro Gomes, o PCdoB a deputada Manuel D'Ávila, o PSOL Guilherme
Boulos, o PSB examina a hipótese ex-ministro do STF Joaquim Barbosa.
Cenário em que, como expressão de uma
extrema direita que saiu do armário na esteira do golpe contra Dilma, Jair
Bolsonaro mantém bom desempenho nas pesquisas até o momento.
A possibilidade de uma disputa
absolutamente fragmentada, em torno de vinte candidatos, por variadas legendas,
além de dificultar o confronto mais claro entre rumos propostos para o País,
certamente se traduziria numa composição da Câmara e do Senado igualmente
fragmentadas — vale dizer, ingovernável.
Geraldo Alckmin, do PSDB, que seria o
mais confiável pelo dito mercado, tem tornado público a conta-gotas elementos
de sua proposta programática, que o distancia mais ainda das necessidades e
expectativas da maioria da população. E, de quebra, negocia um provável apoio
(mais do que incômodo) do ultra-rejeitado Michel Temer.
No lado de cá da peleja, o campo
oposicionista, vem prevalecendo uma leitura mecanicista de uma assertiva
razoavelmente verdadeira, a de que a união de forças em defesa da democracia
necessariamente não tem que se converter em aliança eleitoral.
Tudo bem. Uma coisa é diferente da
outra. Mas nada impede que, acima de divergências partidárias, se busque uma
união da esquerda em torno de uma plataforma comum com o intuito de levar a
disputa para um segundo turno, no qual se possa alegar mais ainda as alianças e
alcançar o êxito eleitoral indispensável à mudança de rumos do País.
Assim, num ambiente de crise e de
instabilidade em todas as esferas do Estado e da sociedade, por enquanto o
desenho do pleito nacional de outubro ainda pende mais para o caos do que para
a superação dos impasses atuais.
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