22 maio 2018

Milagrosos


Santa dupla das causas impossíveis
Luciano Siqueira

Se são impossíveis, como resolvê-las? A princípio caberia a nós, simples mortais, optar por outras empreitadas, difíceis e desafiantes mas com alguma margem de possibilidade...
Mas tem o Santo Expedito, a quem minha mãe se referia com alguma frequência nos momentos de maior dificuldade.
Cresci ouvindo essa referência milagrosa ao Expedito, fervoroso cristão feito mártir no século IV, na Armênia. 
Teria sido Expedito um oficial romano convertido ao cristianismo, condição que lhe rendeu perseguição implacável. Depois de sacrificado, inspirou a devoção de muitos e teria operado milagres.
Desde então, todo Expedito que conheço logo associo a façanhas incomuns, mesmo quando se trata de algum cidadão aparentemente pacato e recolhido a suas impossibilidades. 
Mas eis que hoje li nos jornais que Santa Rita de Cássia é que cuida das causas impossíveis. 
Estaria o Expedito desbancado de seu posto? Ou se trata de uma questão de igualdade de gênero, conteúdo hoje — felizmente — de bandeiras de luta de imenso valor estratégico?
O fato é que a freira italiana nascida Matgherita Lotti, que adotou Rita como nome religioso e atuou - cândida, solidária e generosa - na diocese de Espoleto, nos anos 1450, também está a postos para nos ajudar.
Um cunhado da irmã Rita, vitimado pela peste, teria se curado por força das orações da futura santa.
Confesso que nas minhas décadas de vida, todas as Ritas que conheço procuro associar a uma mulher nada santa, a falecida Rita Hayworth, belíssima estrela do cinema norte americano, que admirei nos anos cinquenta, vendo-a na tela e em reportagens da revista Cinelândia, que meu irmão mais velho, Humberto, comprava.
Agora, embora devoto não seja, cá me sinto imaginariamente mais seguro com a dupla Expedito e Rita, especialistas em causas (ditas) impossíveis. 
Tomara que a eles não precise recorrer. 
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