Correr
mais e cansar menos
Tostão, Folha de
S. Paulo
Neymar tentou retornar
ao Barcelona, mas não conseguiu, nem com o pedido de Messi.
O time catalão não quis pagar mais do que recebeu com a saída do jogador para o
PSG. Além disso, muitos torcedores protestaram por causa do comportamento de
Neymar, quando foi para o time francês. Não entendi também a conduta do PSG,
que desprezou uma fabulosa quantia e ficou com um jogador insatisfeito e que é
vaiado por sua própria torcida.
Neymar conseguiu ser hostilizado pelas torcidas do PSG e do
Barcelona, embora todos reconheçam seu extraordinário talento. Neymar é
extremamente inteligente e esperto em campo, mas fora dele, apesar de ser da
nova geração, não tem bom senso nem esperteza para lidar com o mundo moderno,
com as redes sociais e com as fake news.
No empate do
PSG, fora de casa, com o Real Madrid, por 2 a 2, Neymar entrou apenas no
segundo tempo. Ele ficou fora porque se recupera fisicamente de uma longa
ausência por contusão e porque o técnico alemão Thomas Tuchel percebeu que,
para ganhar muitos elogios, como aconteceu, seria bom barrar Neymar, para
mostrar que não se submete aos caprichos do jogador. Neymar na reserva dá
grande repercussão.
Desde que assumiu o PSG, há quase dois anos, Tuchel tem cometido
seguidos erros técnicos e táticos. Escala o excepcional zagueiro Marquinhos de
volante. Contra o Real, ele colocou, mais uma vez, Neymar no meio-campo. Neymar
não participava da marcação e voltava para receber a bola no próprio campo,
muito longe do gol. Deu belos dribles e passes, mas perdeu duas vezes a bola
perto de sua defesa, o que é um grande perigo. Não é só no Brasil que há
técnicos ruins no comando de grandes times.
Espero que Tite não escale Neymar dessa maneira, como já fez.
Ele até pode atuar pelo centro, desde que seja perto da área adversária, onde é
magistral, formando dupla com o centroavante. Nessa situação, seria necessário
um jogador de cada lado, que ataque e seja capaz de voltar para também
defender.
No meio de semana, vi o Flamengo ganhar do Ceará, e o Liverpool,
sem brilho, empatar com o Napoli. Flamengo e
Liverpool possuem sistemas táticos bem diferentes, porém estratégias muito
parecidas, de marcar por pressão, para recuperar rapidamente a bola, e, com
velocidade e intensidade, chegar ao gol. Dos outros times brasileiros, o único
que tenta jogar dessa maneira é o Athletico-PR.
Diferentemente do que li e escutei durante décadas, que quem
marca por pressão cansa muito, o que se tornou justificativa para não usar essa
estratégia, ocorre o contrário. A marcação por pressão no jogador mais próximo
desgasta muito menos do que ter de correr para trás, recompor, para fechar os
espaços na defesa.
Além dos jogos da Liga dos Campeões, a rodada do Brasileiro foi
emocionante. Assim como o Botafogo, o Fluminense está quase livre do
rebaixamento. Um time que tem bons jogadores, como o lateral esquerdo Caio
Henrique e um habilidoso trio no meio-campo, com Alan, Daniel e Ganso, não
merece cair.
Fiquei triste e decepcionado com o Cruzeiro, cada dia mais perto
da Série B. É impressionante como os jogadores têm atuado tão mal. Eles se
esforçam, mas, além da total falta de confiança, há muitos atletas fracos e
decadentes. Abel Braga não tentou nada diferente. Se ele não tivesse pedido
demissão, seria demitido, ainda mais que o novo técnico, Adílson Batista, tem
um vínculo emocional com o Cruzeiro. O torcedor gosta dele. Ainda há esperança.
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