26 janeiro 2025

Futebol: quem ajuda o técnico?

Dorival Júnior deveria ter alguém para ajudá-lo
Assim como tiveram Zagallo em 1970, Parreira em 1994 e Felipão em 2002
Tostão/Folha de S. Paulo   

Walter SallesFernanda TorresSelton Mello e outros artistas e participantes do excepcional filme "Ainda Estou Aqui" mostraram com simplicidade, sensibilidade, clareza e concisão, sem efeitos especiais e sem panfletagem, as profundezas de uma época. Ditadura nunca mais.

A cada jogo o futebol nos ensina o óbvio, que há várias estratégias para jogar bem e vencer, dependendo também da qualidade, das características dos jogadores e de outros fatores planejados e imprevisíveis.

O Barcelona, em todas as partidas, usa uma estratégia de alto risco ao colocar os defensores na linha do meio-campo. Assim, goleou recentemente duas vezes o Real Madrid, por 4 a 0 e 5 a 2, e venceu o Benfica de virada no meio da semana, por 5 a 4. 

Nos primeiros minutos, o jogo desenhava que haveria muitos gols para os dois times, pois o Barcelona criava numerosas chances, enquanto o Benfica também produzia oportunidades nos contra-ataques, lançando a bola nas costas dos adiantados defensores. Atuando da mesma maneira, o Barcelona tem tido também vários maus resultados. São os dois lados da estratégia.

O Real Madrid mudou a maneira de jogar após a chegada de Bellingham e, depois, a de Mbappé. Antes, com um trio no meio campo e outro no ataque (Vini, Rodrygo e Benzema), a equipe ganhou muitos títulos e era mais equilibrada e regular. Agora, com os quatro grandes atacantes (Vini, Rodrygo, Bellingham e Mbappé), o time continua poderoso, embora alterne mais as atuações e os resultados, já que o meio-campo com apenas dois jogadores piorou na saída de bola da defesa para o ataque e na marcação. Com isso, a defesa ficou mais frágil.

Bellingham tenta jogar de uma intermediária à outra, marcar, construir e fazer gols. É muito difícil e desgastante. O meio-campista que marca, constrói e avança, como Valverde no Real Madrid, é muito diferente do meia ofensivo (meia-atacante), que recua para receber a bola e para defender, como Bellingham.

A marcação com apenas dois no meio campo funciona bem se há ajuda dos dois pontas. No Real, Rodrygo faz isso bem pela direita, mas Vini fica pelo meio do caminho. Ele, com razão, quer jogar mais perto do gol, onde executa suas maravilhosas jogadas.

Vinicius Junior e Raphinha estão hoje entre os melhores jogadores do mundo. Rodrygo está próximo dos dois. Se Neymar voltar a brilhar, a seleção terá um poderoso quarteto ofensivo e a desvantagem de deixar apenas dois jogadores para marcar no meio campo, a mesma dificuldade do Real Madrid. Vale a pena correr o risco desde que seja bem planejado.

Tenho a impressão de que Neymar, Messi e Cristiano Ronaldo não terão boas condições físicas para enfrentar o futebol cada vez mais intenso, veloz e disputado que deveremos ver na próxima Copa.

Dorival Júnior tem um dilema para resolver, como juntar bem os quatro. Nesses momentos, é importante a ação, o toque e o dedo do técnico. Por isso, Dorival deveria ter alguém para ajudá-lo, como teve Zagallo com as opiniões de Gerson na Copa de 1970, como Parreira teve as de Zagallo no Mundial de 1994 e como Felipão teve as de seus amigos e torcedores gaúchos, que pediram na Copa de 2002 a entrada de Kleberson no lugar de Juninho Paulista. Felipão concordou, e a equipe melhorou.

Leia: Por que técnicos ingleses estão em baixa na Premier Ligue? https://lucianosiqueira.blogspot.com/2025/01/futebol-tecnicos-ingleses-em-baixa.html 

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