Palavra de poeta
PREGÕES
Maurílio
Rodrigues*
“Picolé!!!
Quem quer o sacolé?”
Assim foi um tempo,
Que agora ficou para trás,
Na ordem hierárquica,
Dos anos, meses, dias, e horas.
O tempo tratou de cuidar,
À sua tradicional maneira,
Assim, de forma implacável.
“Doce japonês,
É côco e goiaba”.
E o tempo passou,
Sem deixar o açúcar,
Que havia nele.
Ficou só a lembrança.
Roubaram-no das crianças,
E esconderam-no dos adultos.
“Peixe, quem quer?
Peixe bonito, é peixe mulher”.
Os pregões tradicionais,
As conversas de rua,
Tudo foi substituído,
Pela modernidade,
Pela inutilidade,
Pelas mudanças do mundo,
E dos seres humanos .
“Olha a banana ,
Olha o bananeiro!”
Assim, entre risos ,
Vozes, e um vulto sórdido,
Chegamos à triste conclusão:
O tempo passou.
O mundo mudou,
E sumiram os pregões.
[Ilustração: domínio público]
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