No Vermelho:
Wikileaks: documentos mostram que EUA acompanham ações do MST
. Novos documentos divulgados pelo Wikileaks mostram que a diplomacia norte-americana recomendou ao governo dos Estados Unidos o acompanhamento das ações do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra. "Embora a base social do MST tenha encolhido, não desapareceu, e a crise econômica global pode dar gás à causa", escreveu em 2009 o cônsul dos EUA em São Paulo, Thomas White, em telegrama para Washington.
. Segundo os diplomatas, o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra teria perdido força política. Para eles, tal fato se relacionaria com o crescimento da economia, do agronegócio e dos programas sociais do governo.
. Apesar de partirem do suposto fato de que o MST se enfraquecia, os telegramas mostram que a indicação era de que o movimento deveria continuar sendo acompanhado. "A organização está respondendo aos desafios radicalizando suas ações, distanciando-se do presidente e ampliando sua mensagem", anotou White num informe.
. Um dos documentos elaborados pela diplomacia estadunidense e agora divulgado pelo Wikileaks intitula-se O Método MST: trabalhar com o Estado, alienar os locais. Para fazê-lo, o consulado dos Estados Unidos teria procurado Clifford Welch, pesquisador do Núcleo de Estudos, Pesquisas e Projetos em Reforma Agrária da Unoeste (Universidade do Oeste Paulista), em Presidente Prudente (SP) para colher informações sobre a forma de atuação do movimento.
. Segundo o documento, Welch teria dito que “o MST segue uma metodologia pré-planejada nas ocupações de terra que inclui contatos com o Incra para ajudar a selecionar alvos”. E complementa dizendo que “em uma prática cínica e irônica, os membros do MST algumas vezes terminam alugando para o agronegócio a mesma terra que eles conseguiram”.
. O despacho insinua ainda que o movimento colheria informações privilegiadas diretamente do Incra. “Welch disse ao representante econômico da embaixada que o Incra não publica as informações que detém e a única maneira de o MST ter acesso seria através de informantes dentro do órgão”.
. Tratando o movimento e seus membros de maneira pejorativa como se fosse uma seita, o ex-cônsul concluiu, em seu documento, que “a prática do MST de distribuir lotes de terra fértil a seus fiéis e de alugar a terra de novo ao agronegócio é irônica, para dizer o mínimo”.
. E, em mais uma demonstração do método dos EUA de procurar interferir em assuntos internos de outros países e no modo como outros governantes conduzem os governos nacionais, o documento ainda coloca: “o presidente Lula tem sido flagrantemente silencioso com suas promessas de campanha de apoiar o MST por uma boa razão: uma organização que ganha terra em nome dos sem-terra e que depois a aluga para as mesmas pessoas de quem tirou tem um sério problema de credibilidade”.
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